sábado, 27 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

A Carta.


Disseram que há por aí uma carta. Esta carta teria sido escrita por mim. A carta teria sido endereçada ao ex marido de uma grande amiga minha. Essa grande amiga hoje não é mais amiga porque eu escrevi a carta ao ex marido dela contando tudo...

O que seria contar tudo? Isto me martela o cérebro diversas vezes: o que seria contar tudo?!

Ora, eu sou um homem completamente amoral. Não sei aquilatar o que seria não moral! Portanto tudo ficaria, então, uma coisa extensa demais para ser relatado em uma carta.

Presumo que o “tudo” deva ser o que não poderia ter sido feito, o que teria sido imoral...

Fico tonto com essas coisas. Chega a hora em que eu me pergunto se eu saberia separar uma coisa da outra. Juro que às vezes me penso um tanto ou quanto incapaz de compreender certas coisas.

Mas, voltando ao assunto da carta.

Disseram também que a carta é de tal maneira assim, como direi, comprometedora que a vida da amiga está por um fio e que o ex marido vai requerer a guarda do filho menor na justiça porque, pela carta, a mãe não teria a moral necessária para continuar cuidando da educação do filho... e tem mais, Senhores... é um de blá, blá, blá tão imenso que dá um certo comichão nas mãos.

Eu preciso. Preciso mesmo, preciso muito de um conselho sensato de alguém que seja virginiano ou mesmo aquariano. Estou às voltas com um dilema:

Chego à pessoa e peço a ela que mostre a carta para mim também? Essa tal carta que teria sido redigida e remetida por mim? Para que eu me assuste muito com o teor dela e me repreenda com o vigor de um pai severo e moralista?

Quando eu tive 15 anos (e isso já faz muito bom tempo!) houve uma amiga, a Heloisa França (que nunca mais tive notícias) que foi ímpar. Foi uma das pessoas que mais impressionaram a minha vida.

Helô era amiga de uma moça muito bonita, muito loira e muito cadeiruda que tinha uma namorada (isso era um assombro naquele tempo, mais ainda em cidade pequena do interior de Goiás!). A namorada da moça começou a ficar com muito ciúme da amizade da moça cadeiruda e loira com a Heloísa e decidiu dar um basta naquilo e proibiu a moça bonita de andar com a minha amiga. Coisas normais entre os gays e lésbicas. Acontece que a moça loira e bonita não teve a coragem de dizer a verdade para a Heloísa e preferiu dizer a todo mundo que tinha “ficado de mal” com ela, porque ela, a Heloísa, tinha riscado um disco dela (long play, bolachão da época).

A Heloísa, moça também com incapacidades de compreender coisas desse naipe, como eu, ficou intrigada como teria ela riscado o disco da amiga.

Um dia, acordou bem cedo e foi á casa vizinha onde morava a moça do disco riscado, sem avisar nada. Quando a moça abriu a porta, assustou-se com a presença, em carne e osso da Heloísa que, aproveitando o susto da moça, disse de chofre: você poderia me deixar ver aquele disco que eu risquei?

A moça, sem outra chance, não conseguiu dar uma desculpa qualquer, entrou, pegou o disco e o trouxe e o entregou na mão da Heloísa.

O que fez a Heloísa?

Pegou aquele disco com o cuidado de quem olhava uma coisa com lupa. Olhou. Olhou do outro lado e viu que não havia naquele disco nenhum riscado.

Tirou do seu bolso um compasso com ponta de aço bem fininha e, olhando o disco ainda com o mesmo cuidado de lupa, riscou-o de ponta a ponta (se é que posso dizer que um disco tem pontas...)

Entregou o disco à moça que agora, além de loira, linda e cadeiruda era também uma moça assustada e disse serenamente: agora você pode dizer que eu risquei o seu disco.

Será que eu devo também escrever uma carta e remetê-la?

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Em cima do muro... isso realmente existe?


Chega a ser interessante notar que mais de 60 pessoas visitaram o meu blog nos últimos dois dias e nenhum, absolutamente nenhum comentário foi registrado.

Um triângulo de visitantes desde Mountain Ville, na Califórnia, Maringá e Madrid, com diversas ocorrências entre Manaus, São Paulo e Distrito Federal e infelizmente nenhum comentário!

È lógico que todos esses leitores formaram alguma opinião a respeito do que eu escrevi, não resta dúvida, embora não tenha havido um sequer que externasse uma ou outra opinião.

Dá-se a isso o nome de “permanência em cima do muro”. Acreditam que eu não creio nisso?

O ser humano não é equilibrista. Ele não consegue permanecer em estado de possível desequilíbrio. Acredito, sim, que ele permaneça por pequenos momentos “em cima do muro” enquanto não pende para o lado que mais lhe ofereça ou melhor o proteja. Isto sim, oportunista o ser humano é e é bom nisso!

E quando lá, no lado que mais lhe oferece ou mais o protege, ele se defende de emitir qualquer opinião para que o lado protetor não o ejete de qualquer cadeira ou qualquer medíocre posição de conforto.

Quando, por algum motivo qualquer, isso ocorre esse ser volta, por pouquíssimo tempo para “cima do muro” e, rapidamente, desce para o lado oposto, dizendo-se admirador dele desde sempre! Convenientemente calado e adulador.

Sinto, Senhores, com amargura esta pobreza humana. A falta de recursos próprios para externar, manter e defender suas posturas pessoais peculiares. Essa omissão de si mesmo. Essa autodesapropriação em prol de proteção e ganhos.

Faz parte da miséria humana? A miséria consigo mesmo. A miséria da vontade? O medo? A falta de culhão?

Eu gosto da polêmica rica, dos pensamentos díspares, da contenda armada com palavras certeiras, a seta de Árjuna! Eu preciso avidamente disso para a sobrevivência do meu espírito. Eu necessito ser provocado pelo meu contendor e vencer ou morrer em bravura. Bravura da honra. Em honra de mim mesmo. Em honra do meu destemor.

Apontem para o meu peito as suas palavras armadas com o destemor do bravo guerreiro e eu saberei encará-las com o respeito que um bravo guerreiro exige e é credor. Afora isso, a mudez me desencanta. A mudez expõe à minha vista o fraco, o imberbe, a debilidade, a subserviência, a covardia... e, à frente disso, não sujo a minha arma com sangue indigno dela.


sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Heterossexualidade assumida...


O que eu vou falar hoje parece leviandade. Mas, creiam-me, Senhores, não é!

Praticar a heterossexualidade masculina (e os que me lêem sabem o que eu penso sobre estes rótulos) é, hoje, uma obrigação social.

É raro encontrar um homem com um desejo cristalino – impulso primordial - por uma mulher.

Há algum tempo algumas pessoas se assumiam homossexuais. Hoje se vê uma maioria de “héteros assumidos”. E o que isso quer dizer? Isso quer dizer que mesmo à frente de impulsos por uma “pan sexualidade” ou mesmo uma homossexualidade, os homens, por força de aprovação social ou por força de convicções culturais, preferem, optam, por manter relações afetivo-eróticas com mulheres.

Da mesma forma, para os jovens, ingerir álcool é um meio de ser aprovado, a maneira de se reconhecer e ser reconhecido como “homem” ou como adulto. O pai do garoto, a mídia, o sistema incentivam essa conduta. Homem que é homem é independente e prova isso com seus porres.

Dessa forma, homem que é homem, come mulher.

Isto mesmo, Senhores, COME mulher. Quantas mais forem comidas mais o comedor é considerado homem. E percebam que nem me refiro ao fato de ser “macho”. É ser homem social mesmo. E come como obrigação.

Uma grande (e grande mesmo, eu afirmo!) parcela da comunidade masculina pratica essa obrigação de forma nada ortodoxa. Come a namorada para que os amigos e a própria namorada o considerem homem e, na surdina das academias de musculação se excitam mirando outros homens ou se fazendo mirar por eles. Depois desse exercício de sedução, há os mais, digamos, corajosos que se erotizam nos banhos da própria academia onde a sedução foi exercida.

Outros, depois dessa sedução, acessam os bate-papos eletrônicos e se oferecem com falas e posturas de “no sigilo”. E mais, na maioria praticando a posição de passivos. (Aliás, ativos? São uma raridade no mercado negro ou branco gay). As madrugadas nos chats são impressionantemente fartas de garotões buscando sexo homossexual.

Mais ainda, para configurar o “sigilo” as buscas são realizadas nas “salas” heterossexuais. As salas gays têm freqüência significativamente menor.

Fora isso, existem os locais de “pegação” masculina. É risível freqüentar um lugar desses. Em Brasília, o mais conhecido é o estacionamento ao lado do Pavilhão do Parque da Cidade.

A azáfama de carros girando e girando lentamente com homens procurando sexo com homens... 24 horas por dia, Senhores!

O risível que eu cito da situação é que a quase a totalidade dos carros tem película de preto 100% em todos os vidros. E os “caçadores” dirigem seus carros com as janelas todas fechadas, exceção feita à janela esquerda, que fica pouca coisa aberta para que o caçador possa ver o alvo. Embora, ironicamente o alvo também esteja com a sua janela do mesmo modo entreaberta. Só se podem ver os olhos de um ou de outro. (Eu tenho um amigo de ironia muito fina que diz “todas trabalhadas na Sheherazade!” - e é verdade... todos com um véu de película negra no rosto!

Homens maduros, casados, solteiros, garotões malhados. 24 horas de procura no inferno da sexualidade reprimida.

E mais risível ainda: quando dois olhos de duas Sheherazades se encontram e se sinalizam, um carro para, ao lado do outro, e o mais decido pergunta, à queima roupa: E aí, o que curte? A outra Sheherazade responde, na quase totalidade das vezes – Sou passivo. Ato contínuo, os carros se separam... quem adivinhar por quê ganha um ingresso pra Boate Gay mais próxima!

Não estou aqui querendo denunciar esses seres que padecem a opção por negar seu prazer pessoal sexo afetivo de maneira clara. Estou aqui para denunciar a opção.

A vida é foda, Senhores. Então, fodam-se. Façam da sua foda a melhor e mais satisfatória realização de seus prazeres.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ouro e Nigredo


Como abrir as janelas para o mundo? Como expatriar-se do mutismo e sorrir convidativo?

Como permitir que a alma se eleve do fundo e possa sair pela boca, mesmo com tanta timidez e medo?

Como desatar os nós que se impuseram – ou foram impostos – e lançar a mesma fita à brisa, bandeirola de aceno para outras almas que buscam, também, outras almas?

Como entender que os desejos da alma muitas vezes não coincidem com os nossos propósitos?

Como entender a luz quando a Divindade é a sombra?

Perguntas tantas que se expelem sozinhas e urgem respostas. E as respostas se fabricam inúteis e desavisadas quando a nossa necedade é agigantada, maior do que nossos próprios impulsos.

Por que resumir a nossa inteireza a graus poucos da sua esfera?

Que necessidade é essa de impor limites estonteantes, limites intransponíveis por nós mesmos?

Eu canto às almas que se insurgem de seus donos e escapam resolutas para a sua liberdade. E a liberdade é transgressora na sua síntese.

Vai, alma, sai desse cativeiro iluminado que te forjaram e encontra o que és.

Se fores de essência cativa, cativa-te mais ainda e te faz plena. Mas se fores de essência outra, se fores dos vôos, alcança os céus das aves ou os infernos de Lilith.

Não permitas que os arremedos de moral e os limites do recomendável social te amarrem as asas. Sê o que tu és e não permitas que tua jaula se alimente de poesias e versos soltos, canto de sereia, para te iludir e te manter amordaçada, cativa e presa nas correntes da mentira.

Se tu és pó e lama, que sejas pó e lama e não a imagem da virgem impoluta que freqüenta altares que teu portador deseja ocupar. Sê tu!

“Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida” disse o filho da virgem.

E por que o homem, de pó e lama, deseja afirmar o contrário? Engodo pueril? Máscara sem persona?

Tantos são os homens que forjam a correção esperada, propositadamente para que alcancem aprovação externa, enquanto o fundo dos seus buracos exigem sujeição, lama, fezes e barro – tão divinos quanto os cristais, os rubis e as turmalinas – numa ânsia absoluta.

Nenhuma alquimia deseja o ouro que não venha do nigredo. Sem o nigredo, não há ouro, homem estulto!

Arranque essa camisa de farrapos dourados que você usa e aprofunde-se no seu chumbo.

Nada adianta exprimir seu mais preto mascarado pela poesia. O Negro já é poético quando verdadeiro. Mais que isso é dissimulação!

E dissimulação é o mais perfeito prato que alimenta as iras de Saturno e Plutão.

Engane. Engane-se. Assim fazem os homens de boa vontade.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Borboletas e armaduras...


Estou sem palavras, Senhores. Acabaram-se-me todas as palavras.

Ontem comecei a escrever alguma coisa no meu tom usual de deboche e disparates... dei-me conta que, até para debochar, é preciso conhecimento de causa. Fora disso, é leviandade boba. Desisti porque era boba a minha leviandade .

Preciso, urgente, encontrar temas que me impulsionem para o teclado e que me movam a língua. É premente para que eu não ceda, amofinado, à maldição dos blogs. Não posso permitir que o meu caráter ariano interrompa mais um dos meus projetos e os abandone depois dos começos.

Muitos me dirão, eu sei, ora bolas, que se foda você e seu blog e alguns se sentirão até libertados da maldição da minha língua. Mas entendem premência? É isto: uma premência de estar aqui, novamente, dirigindo palavras a leitores conhecidos e desconhecidos.

Nada se me ocorre de criticável, a não ser eu mesmo.

Então, vamos lá, vou tentar criticar-me em alguns textos que podem vir a acontecer. Não prometo nada, desde que a minha arrogância me faz convencido de que nada há em mim para ser criticado. A minha arrogância não existe; eis que arrogar significa apropriar-se de e eu não me aproprio, eu tenho o que preciso e o que de mim precisam, em mim, desde sempre.

Hoje recebi a visita de um ex-cliente que há algum tempo eu não via.

Ele estava bonito! Acalmado. Com aquela beleza que a maturidade interna nos embeleza. Com dores ainda, sentimentos feridos por isso ou aquilo, uma saudade de encontrar-se rapidamente e conseguir ser pleno: Amante e amado.

Fiquei feliz por ter tido a possibilidade de ter mexido, de alguma forma, na sua alma. Alma de pássaro engaiolado, quando o conheci e hoje alma pássaro que se reserva o direito de engaiolar-se ou não, conforme os seus desígnios e seus presságios...

Falamos de coisas tantas... amigos, desamigos, inimigos, flores que murcharam, borboletas que se foram atrás de coisas tantas, mulheres amadas, mulheres que desamaram, mulheres internas, homens que se descobriram e se pouparam de se provar, cavaleiros fortes que enfrentarão todos os reveses... tantas coisas gostosas...e leves e amorosas. O sol se punha e nós dois, na porta da Casa de Mãe Joana, de frente um para o outro, como velhos amigos que se amaram sempre.

É bom ser assim, às vezes, pobres de espírito. A paz da alma acalmada. Alma aninhada um no peito do outro.

E eu pretendia me criticar, hem?

Vá lá, fica para a próxima. Hoje estou feliz com a vida e com os seres que dela se servem.