Como abrir as janelas para o mundo? Como expatriar-se do mutismo e sorrir convidativo?
Como permitir que a alma se eleve do fundo e possa sair pela boca, mesmo com tanta timidez e medo?
Como desatar os nós que se impuseram – ou foram impostos – e lançar a mesma fita à brisa, bandeirola de aceno para outras almas que buscam, também, outras almas?
Como entender que os desejos da alma muitas vezes não coincidem com os nossos propósitos?
Como entender a luz quando a Divindade é a sombra?
Perguntas tantas que se expelem sozinhas e urgem respostas. E as respostas se fabricam inúteis e desavisadas quando a nossa necedade é agigantada, maior do que nossos próprios impulsos.
Por que resumir a nossa inteireza a graus poucos da sua esfera?
Que necessidade é essa de impor limites estonteantes, limites intransponíveis por nós mesmos?
Eu canto às almas que se insurgem de seus donos e escapam resolutas para a sua liberdade. E a liberdade é transgressora na sua síntese.
Vai, alma, sai desse cativeiro iluminado que te forjaram e encontra o que és.
Se fores de essência cativa, cativa-te mais ainda e te faz plena. Mas se fores de essência outra, se fores dos vôos, alcança os céus das aves ou os infernos de Lilith.
Não permitas que os arremedos de moral e os limites do recomendável social te amarrem as asas. Sê o que tu és e não permitas que tua jaula se alimente de poesias e versos soltos, canto de sereia, para te iludir e te manter amordaçada, cativa e presa nas correntes da mentira.
Se tu és pó e lama, que sejas pó e lama e não a imagem da virgem impoluta que freqüenta altares que teu portador deseja ocupar. Sê tu!
“Sê fiel até a morte e dar-te-ei a coroa da vida” disse o filho da virgem.
E por que o homem, de pó e lama, deseja afirmar o contrário? Engodo pueril? Máscara sem persona?
Tantos são os homens que forjam a correção esperada, propositadamente para que alcancem aprovação externa, enquanto o fundo dos seus buracos exigem sujeição, lama, fezes e barro – tão divinos quanto os cristais, os rubis e as turmalinas – numa ânsia absoluta.
Nenhuma alquimia deseja o ouro que não venha do nigredo. Sem o nigredo, não há ouro, homem estulto!
Arranque essa camisa de farrapos dourados que você usa e aprofunde-se no seu chumbo.
Nada adianta exprimir seu mais preto mascarado pela poesia. O Negro já é poético quando verdadeiro. Mais que isso é dissimulação!
E dissimulação é o mais perfeito prato que alimenta as iras de Saturno e Plutão.
Engane. Engane-se. Assim fazem os homens de boa vontade.
sem palavra...
ResponderExcluirO Ralph Gehre diz que quando vê ou assiste alguma coisa de algum amigo e quando essa coisa é muito ruim demais, ele põe a mão no peito, olha para o amigo e diz... não tenho palavras!
ResponderExcluirkakakakakaka
mas eu sei que você não fez isso!
beijo
Tiamoailóviú!
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ResponderExcluirHahahahaha... belo! Gosto mais desse Gê. O Gê desbocado por vezes é repetitivo (com destinatários diferentes), quando o Gê está inspirado, e escreve palavras que são capazes de tocar a alma de todos, afinal de contas, a alma não possui inteligência mortal, então, nessas horas, o Gê é sempre GENIAL!! (Marcos)
ResponderExcluiràs vezes você fala pelo oscuro de minh'alma.
ResponderExcluirbeijo.