quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Aviso aos Navegantes



Quero avisar a todos os navegantes que tem gente visitando de maneira escusa as minhas comunicações. Meus computadores e meus telefones andam se comportando de maneira confusa... atrapalhada... e eram tão comportados!

Isso me cheira invasão e tentativa de rastreamento de minha vida “eletrônica”. Oras, eu tão quietinho aqui no meu canto e cantando meus cantos no chuveiro! Tisc... tisc... tisc...

Mas, como dizia a minha velha e falecida mãe “ah, menino bobo, quando você vem com o milho, eu já estou voltando com o fubá”! eu também estou voltando. E não com o fubá, mas com a polenta fria.

O mundo não é dos espertos (porque esperteza e idiotia andam juntas, ali, ó!). O mundo é dos inteligentes. Dos sagazes. Dos que já limparam os seus narizes e não deixam marcas. Só deixam rastros se forem de caiporas.

No mais, cifras e pentagramas têm seus usos absolutamente úteis... p’ra quem sabe usar. Não para quem quer.

Sacou aí, ô, imbáculo?

terça-feira, 17 de agosto de 2010


Sinto que essa coisa bate na porta, atrás, do outro lado, do lado de fora querendo entrar. Insinuante.

E em deboches eu me guardo aqui, com sete chaves e sete cadeados brilhantes, do lado de dentro dessas portas que eu travei ou se travaram, por si mesmas, eu não sei. Seguro idôneo todas as chaves com todas as mãos que eu tenho. Firmes. Seguras. Sobre o meu peito. Aqui não me chega essa coisa. Aqui ela não entra.

E afagos e doçuras se entrelaçam à frente dos meus olhos e me convidam para aquelas tantas voltas que o meu coração, esse com portas fechadas a 7 chaves, dava enquanto jovem e cheio de aberturas e canções.

Não vou me deixar entontecer por essas fumaças doces. Minhas narinas já não se abrem mais para os cheiros, os fios, as gardênias e não se entopem mais com esperanças. Fecharam-se. Resistentes. Determinadas. Nada há de haver mais forte, mais potente e nada há de me encantar com segredos de futuros adocicados porque eu conheço de cor o passado.

Essa coisa bate ainda lá fora e se esgueira pelas frestas, pelo olho mágico e eu tremo porque não há cadeados para frestas e logo, rápido, empurro móveis à frente delas. Não há de entrar porque não se presta mais ao que desejo. Mas é mentira. Mentira minha para os meus olhos e meus dedos. Mentira longa, deslavada.

E os tremores das minhas pernas me fraquejam as mãos que se crispam mais aferradas e eu fujo, corro, para trás do sofá e da poltrona, aquela que outrora sentaram amores que me amaram e se foram. Foram por essas pradarias e ruas das cidades das paisagens com ou sem casas: hábito soturno que todos tiveram ou eu os fiz ter, não sei, já não vale saber...

Não! Não me venham com falas e admoestações. Sofrível essa coisa de conselhos. Guardem-me de ouvir as suas falas que não se prestam ao meu dia cotidiano. Quero dançar a minha dança, com ou sem par, como não se costuma fazer. Como nada conseguiu fazer e se um conseguir, esse um vai ser eu.

Se chegada a hora e essa coisa olhar nos meus olhos, firme, impávida e sem tremores e me disser a que vem, o que oferece e o que me pede com clarezas, com clarezas eu a olharei nos olhos, impávido, inaudito e direi o que empunho e o que me empurra. E possa ser, talvez, que nos abracemos. E se chorarmos um pouco, vai ser de alegria.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

"Coma chocolates, criança! Coma chocolates.

Se eu for morrer amanhã ou depois de amanhã, deixem-me comer chocolates. Não me digam que açúcar faz mal e eu sou diabético.

Dêem-me jujubas, goma americana. Ah! adoro goma americana. Doce de figo, há tanto tempo não como e eu me pergunto por quê!

Todos estamos morrendo com ou sem chocolates. E por que deveria eu ser proibido de comer chocolates?

Dêem-me os açúcares que eu gosto e eu morrerei tendo os meus prazeres açucarados. Com ou sem diabetes eu sei que estou morrendo, a cada dia, como todo mundo também está – apesar de que as pessoas pensam que se não fumarem, não beberem, não comerem açúcares, fizerem dietas, correrem 3 parques ao dia elas não vão morrer.

Pena dizer que sim, que vão morrer e vão morrer sem os pequenos prazeres. Vão ter saudade dos chocolates e das jujubas. Vão lamentar não terem bebido o que lhes cabia beber. Comer as carnes que lhe cabiam na ração da Vida!

Muita gente não come açúcares porque açúcar faz mal e toma coca-cola dietética... e sabem que a coca cola é tão ou mais letal. Se tanto um quanto o outro são matadores, porque não se entregar ao matador já que ele, o matador, é a única verdade do Tempo?

Não me venham dizer, tontinhos, que o diabetes pode me causar gangrena que me corte as pernas porque um acidente de carro – dentro ou fora dele – também o pode... e os carros são potencialmente tão ou mais mortíferos que o diabetes! E nenhum de vocês para de tomar ou comer carros!

Aposto que estão se preparando para argumentar que se houver cuidados a vida será mais longa... será mesmo, bobinhos? O seu médico lhe garante isso enquanto entope suas veias com mais e mais química que vai lhe tomar parte dessa “vida” que você tanto pensa que vai durar para sempre... não come chocolates e toma remedinhos. E eu não me lembro de nenhum remedinho que me tivesse tido o mesmo gosto e me tivesse dado o mesmo prazer de chocolate. De jujuba. De goma americana. Hmmm!

E essa vida longa almejada, o que seria ela sem açúcares, sem chocolates, sem carnes gordas ou magras, sem os macarrões ternos das avós, sem as caçarolas italianas que a mãe fazia?

Ficar assim, privado de tudo, sentado numa cadeira, evitando a provisão para os sentidos, sem satisfazer a gustação, seria isso uma Vida?

Se é para os Senhores, não o é para mim! Que cuidem então das suas vidas, ocupem-se com elas de tal forma e tal intensidade que não tenham tempo nem para me ver comer chocolates. Porque eu vou comer chocolates até morrer, ou perder as pernas ou perder a visão. Ainda me sobra a alegria (para que eu deboche) de que o diabetes não tira o sentido gustativo!

Além de comer chocolates e jujubas e doce de figo eu vou fazer mais uma coisa para alegrar os meus dias de Terra: eu não vou querer ter carros, pelotas e maços de dinheiro, não vou me preocupar em ter contas polpudas aqui ou na Suíça, porque isso, Senhores, isso sim quereria me ocupar as horas de tal maneira que eu nem teria tempo para comer chocolates.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

quem sabe, faz...

Quem sabe, faz. Quem não sabe, ensina! Então, eu trabalho com treinamento assertivo. Treino assertividade nas pessoas. E quem me conhece sabe que sou muito pouco assertivo... confirmo a regra!

Hoje eu quero falar sobre a Rosa Coimbra. Conheço a Rosa há 20 anos, já trabalhamos juntos muitas vezes e ela é uma das pessoas por quem eu meto a mão no fogo por todos e quaisquer motivos.

A Rosa é confiável, honesta, dona de opinião forte, determinada e irremovível de seus princípios e, principalmente, assertiva.

A Rosa consegue comandar e mandar sem ferir seus comandados e não pensem que é com aquela candura estimada pelos fracos. É com voz forte, determinante. Não com aquela voz dos que gritam. É só determinada. Firme. Olhando nos olhos.

A Rosa mede as palavras. Não aquela mensuração dos que as engolem e as dissimulam e as enfeitam com doçuras e disfarces. A Rosa mede a palavra mais adequada. A que cabe, a que se adéqua sem ferir, nem adoçar.

Andam falando que o poder subiu à cabeça dela... que tonteria! Conheço a Rosa no e fora do Poder e o único poder que a Rosa tem, verdadeiramente, é o seu pessoal. Próprio.

O cargo que ocupa nunca fez diferença para ela... Portadora de poder pessoal inequívoco, Rosa dispensa cargos e funções. Rosa faz. Rosa executa. Rosa intermedia. Rosa acata. Mas sem nunca ouvir antes a si própria e a seus desígnios internos. Isso é a verdadeira assertividade.

Fico olhando-a de longe, aquela mulher mignon, cabelos compridos ora castanhos e antes avermelhados, magra, muito magra, admirando-a. Sempre atenta, sempre disponível, sempre incansável e sempre batalhadora por guerras coletivas.

Os fracos, os sonhadores de cargos, os que vendem os pianos todos os janeiros se o governo não der mais uma teta, porque as 18 que já mamam estão poucas, esses falam mal da Rosa. E hão de falar sempre, porque sempre existirão esses, os que ladram à margem da caravana. São eles que enfeitam os grandes, os destemidos. Sem eles, não há fanfarras para os vencedores... pois que continuem gritando os seus gritos. Enchem os nossos ouvidos de prazeres. Acreditem, é música de grande serventia.

Eu, no alto dos meus quase 60 anos, estou me transformando em mais ouvinte do que falante... e tentando experimentar, na prática, o ditado árabe: quero ficar na minha porta até o último da caravana passar.

Bravo, Rosa!

quinta-feira, 5 de agosto de 2010