domingo, 25 de abril de 2010

Paz na Terra aos homens de boa vontade...


Ele escrevia. Ele falava muito também. Pensava mais ainda e se satisfazia com algumas respostas que dava a si mesmo. Ficava contente. Achava sempre uma que se diferenciava da mente ordinária e se regalava com isso. Achava partículas de verdade e registrava em seus escritos.

Era bruto. Diamante limpíssimo em estado muito bruto. Saído há pouco do barranco do rio e levado a vau, pela correnteza da Vida a rincões ordinários, comuns, de rasuras onde o seu brilho ofuscava e, de forma bruta, ameaçava a constância dos comuns.

Era homem de finezas inimagináveis e doçuras nas pontas dos dedos. Encantos que escolhia a quem oferecer e a quem negar.

Era homem de brutezas. Homem de rudezas capazes de torcer o aço e fazer sair o sangue das lágrimas de quem escolhia estar com ele nos caminhos. Afins e desafetos, poupava a nenhum

Homem de fé em si e descrença nos de fé definida. Nos de fé nas fés dos outros e que se faziam defensores e guardiões das leis alheias. Vertia ódio irascível a esses que se oferecem em sacrifício ao nada ou ao pouco.

Era homem de vultosa candeia.

Nos rincões onde viveu, atormentou e assustou todas as criaturas ribeirinhas, que dormiram sob a sombra dos juncos e sob a impávida aquiescência a tudo.

Os complacentes com as pequenas verdades; os que se alimentam com o parco; os que se enganam para se pensarem maiores, esses foram seu labor. Despia-se e entornava neles seu caldo de repugnância. Seu vômito, nauseabundo.

Um dia o Delegado chamou o soldado; juntaram-se ao Juiz, sentaram-se com o Pároco e conversaram delongado tempo. Dias inteiros lendo as suas bíblias, comendo suas misérias e guardando as sobras nos seus ânus e lambendo os dedos e, finalmente proclamaram suas sentenças que esse homem deve ser levado ao patíbulo dos crimes desassombrados.

E o homem foi severamente espancado pelo Juiz, que foi seguido pelo Pároco, que sucedeu o Delegado e que entregou as carnes do homem para o soldado, que o pregou no poste e chamou o cachorro para lamber-lhe as feridas e alimentar-se do seu sangue.

Depois, um pouco mais tarde, o Pároco chamou o Juiz, que chamou o Delegado, que chamou o soldado e foram beber vinho na Sacristia. E todos continuaram dizendo glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade... com as leis.

Há de chegar o tempo e a hora de se afixar a tábua que encima o poste: O patíbulo dos que arriscam. O cadafalso dos que têm coragem de procurar o íntimo de si mesmos à revelia de qualquer lei. O patíbulo que castiga a improbidade de ser o que não é permitido ser. O patíbulo da Verdade.

(você já tinha falado isso, não é mesmo, Hilda? E de modo tão poético na sua dureza de fazer poesia... há tanto tempo. Mas o Pároco, o Juiz, o Delegado e o soldado ainda continuam, lá na Sacristia, bebendo, depois de terem sacrificado você também!)

Decifra-me ou devora-te...


No princípio era o Anticristo.

7 lunações então, a ópera da Lua. Hoje, o sorriso de Alice.

Os cães acreditam em tudo. São crédulos.

Somente os homens loucos fazem interesses.

A cada dia lembrar 7 coisas impossíveis.

E você é o você errado porque não mata.

Sou Belerofonte porque mato Belero a cada dia. O Belero que está em si e nos outros. Os cães temem a quimera.

Athena torna-me o chão macio a cada queda e Pégaso já seduziu o Olimpo, aonde cheguei e habito sobre todos os rios e todos os fogos.

Sou Narciso porque me fiz Narciso em cada conquista de mim mesmo. Todas as águas me fascinam e nelas me reflito. Apaixono-me por mim a cada água que me olha e nela vejo o homem que eu amo.

O Narciso que habita em si é Liríope apaixonada pelo homem que Narciso não tolera ser.

Meu narciso jamais definha. Marte fogo e Marte água me são.

A mulher Deméter atirou falas. Falas mortas. E antes do sorriso de Alice se hasteia diaconisa.

Aias levantam-lhe as saias para alimentar a vulva exangue. Liríope que arrouba Narciso de Narcisa. Liríope avolumada de ciúmes e despeitos de Amantis.

A mulher Deméter e Narciso morto reconhecem suas faces nas águas de Cefiso e se partirão em ódios. A face a ser refletida na água não é refletida, eis que só imagem.

Duas colunas se estabelecerão e eu estarei no arco de ambas. Elevado.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Suicídio.

Houve alguém que se matou. Enforcou-se. Enforcou-se no vão da escada com o arsênico que encontrou nos livros de idéias alheias, preconcebidas e intimadoras.

Os livros mofam muito cedo. É preciso renovar a sabedoria dos livros.

Eu amei muito esse alguém, enquanto ele esteve de carona na minha Vida. Amei como se deve amar. Amor útil. Daqueles que se aninham e fazem ninho para que o exercício da Vida seja constante. Seguro. Propulsor e que magnetize qualquer possibilidade de acrescentar alegria e prazer ao ato de Viver.

Amores compassivos são daninhos. Amores compassivos destonificam qualquer musculatura: a da alma, do espírito, da visão e do alcance.

Hoje eu afirmo, não sem alguma lembrança, que já não mais amo o meu amigo suicida.

O meu amor para ele não foi compassivo como aquele que diriam os budistas - afirmando ser da boca do Budha - o amor que só compreende e se plasma em si mesmo. Não sou do amor que não vigora, que não tonifica. Que não impulsiona. Que não exaspera... sou do amor que espeta as bundas dos amados com ponteagudos tridentes! Amor que modifica.

Meu amigo preferiu a morte. Enforcou-se na prateleira da biblioteca, com o arsênio que devorou nos livros de poetas e sacros bem intencionados...

Quem sabe, hoje, agora, ele possa andar no Paraíso, sem a negligência que lhe foi tão conhecida na vida? Que possa andar com as suas mesmas pernas e braços... e que, doravante, sua magnífica voz cante, que seja o dançarino que dança e que, com suas mãos encantadas, desenhe e pinte as coisas novas, nunca dantes pintadas... antes.

Tomara esteja ele feliz na sua Morte.

Ser visto e compreendido.


Uma pessoa, qualquer que seja, precisa ser vista para ser compreendida. Claro que vista, aqui, significa ser percebida. E para ser compreendida é absolutamente necessário que o vedor se interesse em compreender e muito mais, seja capaz de compreender!

Nem todo aquele que vê e percebe está capacitado ou é capacitado para compreender.

Compreender significa sair do que apenas vê no outro e percebê-lo incluso em um contexto multifacetado onde o outro é agente e paciente – simultaneamente – de si e do universo.

Para que isto ocorra é fundamental que o perceptor esteja, ao mesmo tempo, capacitado de ser agente e paciente de si mesmo e do Universo onde ele ocorre. Só percebendo-se e compreendendo-se que um indivíduo é capaz de compreender as partes e o todo. A parte e o todo que ele é em si e que o outro o é da mesma forma.

Fora disso, é atitude sem préstimo.

Valho-me da hora para evidenciar que, na verdade, quase todos os seres se valem de pressupostos alheios, que julgam serem seus, para enquadrar ou não o outro. Se o outro ficar mais ou menos, que seja, enquadrado na moldura adotada, aprendida pelo perceptor, vai-se logo defini-lo como “compreensível”. Caso contrário, ele será incompreensível não pela substância dele, mas pelo que a sua substância não coube no “envelope de compreensão” daquele que o percebe. Passa para o envelope contrário, aquele dos doidos, dos que devem ser exilados. Dos que são incompreensíveis não porque o são de verdade, mas tão somente porque o perceptor é incapaz de compreender.

Eu sou um homem que pouco, mas muito pouco mesmo se adéqua a essas molduras casuais e ordinárias. Logo, eu sou um homem que é incompreensível e, caso possível, seja enviado à forca ou ao exílio!

(Na verdade, cá pra nós, eu me divirto muito com isso. É onde eu me apercebo visivelmente mais bem aquinhoado do que a plebe e debocho dela!)

Nesse patamar onde estou parado, esperando passar o último integrante da caravana – como aconselha a sabedoria árabe – vejo e percebo uma boa mão de seres tão bem ou mais aquinhoados do que eu e, claro, minha inteligência e a aguda capacidade de me valer dela me permitem aproximar-me e me fazer companheiro e eles companheiros meus.

Entre tantos, eu quero nomear aqui, agora, um desses entes que me fascina por ser tão agudamente diferente de mim, em expressão e tão prementemente igual, em compreensão. A Anamaria Rossi.

Ana é jornalista. Insisto: a Ana é Jornalista! Não é jornalista... essas coisas que terminam faculdades e escrevem “textículos” que repetem e se bastam no que o mais ordinário os mantém, com vistas ao salariozinho do finalzinho do seu mesinho, das suas vidinhas. Ana é Jornalista! Capaz de se desdobrar e se curvar sobre um assunto cada minuto de cada hora das vinte e quatro que um dia tem; em todos os dias que dois anos têm, para fazer uma matéria... que, quando publicada, determinou o começo da derrocada dos políticos corruptos com caras de bons moços...

Para salvar a ética, Ana foi capaz de desconsiderar os perigos que a sua própria vida correu.

Eu muito me admiro dessa heroína escorpiana que honra o seu próprio signo! Maior orgulho do mundo em poder encher a boca, com a minha jactância habitual e dizer: Ana é minha amiga!

A Ana é uma mulher culta. Sabem cultura prática, Senhores? Não aquela das bichinhas que lêem as gravuras dos livros e decoram textos e músicas e hinos religiosos da internet só para vomitá-las à frente das bichinhas que decoraram menos textos?A cultura da Ana – que é vastíssima, -creiam – serve para modificar os mundos por onde a Ana passa. É a cultura parideira de razões para mudanças e conquistas do que é novo ou precisa ser parido!

A Ana viajou o mundo inteiro e cada museuzinho ou museuzão, ou cada muralha das Chinas, ou cada Louvre, ou cada beco do Born, provocou na Ana mais do que a necessidade de fazer fotografias e publicá-las no Orkut dela. A Ana foi provocada e provocou que o novo se figurasse e se transfigurasse no velho e o velho, na juventude do novo e os azuis que precisavam se tornar vermelhos, ficassem tensos, como cordas afiadas do violino, a ponto de se romperem para que a adequada tensão fosse encontrada.

A Ana pariu uma criança e fez dela um adulto independente, adequado, afinado, doce como convém a todo homem de força e coragem... mesmo sem a presença física do pai do rebento. E o mais encantador, Senhores, - aprendam com ela se forem capazes – Ana não exerceu o romântico e cristão papel de “mai” ou “pãe”. Ela foi só mulher e mãe para que se sua cria soubesse, muito bem, separar e compreender as duas identidades!

Ana trabalhou e trabalha como boi de tração. E Ana se diverte tanto, ao mesmo tempo... Dá-se oportunidades de fazer rodar a mó e perceber belas coisas na paisagem que circunda essa mó, preparando essas visões para novas conquistas. E ela vai lá! Acreditem.

Essa grande mulher me compreende no meu mais completo, em todas as minhas sordidezas e minhas virtudes mais divinas – porque eu sou uma e outra coisa simultaneamente (um dia explico isso melhor, para vocês! Calma. Não retirem suas pedras dos seu embornais, ainda.) e sempre foi capaz de me compreender. Capaz não porque eu necessite de grande dose de compreensão, mas porque a Ana dispõe de enormes, avultadas, torrenciais doses de capacidade de compreender!

A Ana foi a mulher que me disse: Gê, sim, a verdade sempre. Mas não pode ser em doses homeopáticas?

E não sou só eu que falo essas coisas, Senhores. Perguntem à Andréa. À Angélica, à Teca... ah!querem saber? Não perguntem nada. Eu tenho, cá, minhas dúvidas se os Senhores estão querendo compreender alguma coisa ou se são, mesmo, capazes para a coisa.

Bons sonos!

domingo, 11 de abril de 2010

E assim foi feito...


Nasci, Senhores! Às 19 horas e poucos minutos do dia 10 de abril de 2010, sob a égide de Plutão no meu ascendente. O Sol em Áries e Lua em Peixes.

Marte, mais guerreiro do que nunca, ocupando o trono vermelho no meio do meu céu – reinará enorme durante todo esse ano. Uma roda completa sob o fogo criador/destruidor de Marte e sob a água fervente de Plutão - criação/transformação/transmutação da minha lama mais profunda e das lamas pessoais de todos os que me circundam... (lembram quando eu falava de chumbo e ouro serem a mesmíssima e única coisa, à revelia dos mestres – argh, depois do último “mestre” que se dissimulou em falas e gestos e mentiras e cagaços e hipocrisias diante de mim, mais eu tenho vontade de cuspir na cara mascarada de cada um deles...).

E Senhores, eu aviso antes: (e quem avisa, amigo é) se têm lamas e não as querem ver ou preferem que não sejam vistas, façam como o último “mestre”: saiam em desabalada fuga gritando “enforquem, crucifiquem”, persignando-se com o sinal da cruz. Não fiquem perto de mim. Juro, não vou lamentar os seus medos. Se, no entanto, preferirem permanecer, vou lamentar, sim, muito, se eu não puder expor, às suas caras, as suas merdas e excreções mais mal-cheirosas.

Fazer o quê, não? Assim como ouro e chumbo são a mesmíssima e única coisa, não poderia ser diferente com amigo e inimigo... não se iludam, Senhores! Sempre, eternamente, tudo será uma só coisa.

A função única e mais nobre do guerreiro é guerrear. Marte é guerreiro. Preciso falar mais?

A função única e, portanto, nobre de Plutão é desencobrir os esconsos. É violentar a fraude, é escarnecer e vingar a Potestade em tudo aquilo em que foi afrontada. Há “mestres” que não fazem sexo diante da imagem deificada de Lakshmi, porque o ato sexual é desonroso para a Deidade... embora pratiquem esse mesmo sexo “desonroso” em clubes de sexo, com desconhecidos, na faina assanhada de bocas e genitálias... seria, talvez, porque em clubes de sexo não há imagens de Lakshmi?. Que cheiro estranho de carne podre mal escondida ocorreu agora, não?

A criança recém-nascida que estou agora vem com Marte no seu norte e, pensem bem, Lillith na porta sul! Preciso dizer mais? Ora, me poupem...

E essa criança marciana/plutoniana/lillithiana – obviamente, maldita segundo os “mestres da luz” - vem bafejada com os apadrinhamentos de Júpiter e Lua e Vênus no seu Leste.

Vênus se enfeitou com pérolas e rubis indianos, sedas chinesas, turquesas egípcias e coroa de flores e veio, majestosamente ocupar a sua casa em Touro.

A Oeste, sob Escorpião, Saturno e Netuno.

Quem avisa, amigo é e quem pode, faz. Aquele que estiver sob minha proteção, sob a minha guarda guerreira e sob o meu fogo transmutador, vai ser alvo de mananciais de amor, afeto, proteção, cuidado, doçuras e, claro, bens e posses e permissões para qualquer uso comercial dos ouros e dos chumbos. A minha lança de Marte e a minha água quente de Escorpião causarão todos os danos – se assim preferirem chamá-los – que o fogo e a fervura causam, mas só o fogo e água quente mantém a Vida.

A Lua e Júpiter, juntos e em comunhão, dar-me-ão todo equilíbrio que passeia do pai para a mãe e vice versa e me farão capaz de ser capaz de amar e proteger, como só o pai e a mãe, em perfeito equilíbrio podem fazê-lo.

Para que a criança possa satisfazer as injunções de Netuno e Saturno, eu, a criança recém chegada, invoco, aqui, em celebração, as bênçãos de Palas Athenea: a argúcia que resulta da união da arma, do escudo e do elmo.

Assim seja e assim se faça e assim será feito porque essa é a nossa Vontade.

Os meninos e meninas da Lua


Ontem, pouco antes de nascer, eu assisti a um espetáculo de teatro infantil – O Menino da Lua...

Soberbo! Perfeito. Nenhum quebra-cabeça para ser resolvido. Nenhuma pretensão de conquistar as crianças pelo debilóide tradicional do teatro infantil comum. Nada em falta. Nada em sobra. Perfeito. Único.

A Senhorita Anais professora de Astronomia. Perfeita, mas como acontece com toda beleza humana, é uma astronomia filosófica! Que encanto! Que puerilidade emocionante poder compreender uma ciência com que ela tem de menos científico! A Técnica e a Razão unidas, em mãos dadas, mimetizadas uma na outra. Perfeito! Mas, mas perfeito ainda, a Senhorita Anais ainda lamenta (?) não ter encontrado o grande amor... não é perfeito por ser tão imperfeito?

O menino vive entre adultos, nem bons, nem maus! Ah! só isso já basta para gente ser feliz!

E eu fiquei emocionadamente feliz de ter ali, naquela platéia, podido me apropriar do menino da Lua que sou e que se tinha permitido ser sufocado!

Poder saber que eu posso, sim, assistir à ópera que eu quiser, a que eu escolher, onde eu escolher, com ou sem cortina de veludo; basta eu ser menino da Lua para isso. E eu fui conquistar, de volta, o meu menino da Lua que eu sou e que está em toda parte, apesar dos adultos que não são bons, nem maus, mas necessitam ferozmente, veementemente, parecerem bons! Não é engraçada essa história de meninos que são meninos e querem comprovar, a custa de seus intestinos, alma e corpo ser adultos e, o pior, adultos bons?

Chorei na platéia, não pelo meu menino da Lua, mas por todos os que só querem assistir óperas nos teatros de ópera, com cortinas de veludo...

Lamentei alguns meninos que eu perdi, ano passado... que não quiseram ir para a Lua. Lamentei por alguns segundos ter perdido o Muni. Mas logo o a Ratazana cantora me disse que eu não o perdi. Ele se perdeu de mim e, nessa perda, perdeu-se de si... que bom que aqui na Lua, a gente vê as coisas como as coisas são: nem boas, nem más! E voltei a ser feliz.

Esse presente de aniversário me foi dado por todos os deuses que eu sou. Obrigado Mirian – astrônoma menina, Kael – lindo e azul, Lelê – macho arretando, Billy Helder – poeta adulto (nem bom, nem ruim), João - queridão dos mais dodóis de todos os deuses) pelos deuses que vocês são!

Vocês foram o corpo de baile e os cantores da ópera que me recebeu no mundo!

Antes ainda, de nascer, e depois da ópera da Lua, fui a uma exposição de arte onde a artista, tecendo poemas bordados com fios do seu próprio cabelo pergunta por que se chamam de daninhas as ervas que não servem para o cultivo lucrativo... Senhores, eu sou erva daninha... menino da Lua erva daninha...! e alguéns, no mesmo paraíso onde Vivo, estão me mostrando que o barato mesmo é ser menino da Lua erva daninha... Sou ou não sou um privilegiado?

Nasci às 19 horas e poucos minutos (não vou falar a hora exata para que os adultos que não são nem bons, nem maus, queiram me seduzir com a sua “luz” e me façam ajustes astrológicos....)

Embalado pela ópera e pelo cenário das plantinhas daninhas, nasci. Estava assistindo à outra ópera, em outro teatro. Neste berçário, os deuses muito sacanas, me mostraram que o mundo não é só o da Lua. Que há também o mundo dos adultos que querem e sofrem e se esforçam para serem bons e só conseguem ser maus!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

terça-feira, 6 de abril de 2010

domingo, 4 de abril de 2010

O Presente




O entendimento sufi afirma que o mestre aparece quando o discípulo está pronto e vice e versa. Isso é de uma beleza tão pueril e tão magnífica que, como toda simplicidade, é rechaçada pelos cultos e detentores das regras e ensinamentos.

O “Mestre” – esse que está sempre acima do corriqueiro, que se considera, portanto, melhor e mais capacitado do que toda a malta humana, impura e incapaz, é a corporificação da falácia dos que são, verdadeiramente, falazes e impuros... os papas, os lamas, os brâmanes, os “bispos”, os santos gurus, os sacerdotes, os todos aqueles que apresentam suas faces com uma doçura corruptiva e uma docilidade adestrada para a cooptação dos que dispensam a sua vontade própria e seu poder de decisão – portanto não responsáveis por suas ações!

O discípulo, no rastro dessas observações, é o eterno incapaz. E candidato a umas sagrações, iniciações – obviamente sob juramentos de fidelidade eterna ao mestre sagrador e suas intenções – e que vai perpetuar a missão de manter eternamente separados os mestres e os discípulos, para que a ordem da hierarquia sobreviva.

É nauseante conhecer jovens moços que se castram e se oferecem de cus e corpos a toda sorte de manipuladores, com a pretensa e burra esperança de parecerem ou serem reconhecidos como mestres! Vade Retro Satana Nunquam Suade Mihi Vana!

“Esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei...” dá-lhes Lupicínio!

Mas voltando aos mestres e discípulos, para mim, para o meu grande nefando entendimento – sim, porque para os magistrais, o meu entendimento nunca deve ser nomeado porque é digno de execração; é abominável. Odioso, imperdoável. Sacrílego, ímpio. Contrário à natureza. Depravado, perverso – o mestre é mestre em um determinado ponto no espaço e no tempo, diante de um discípulo que necessita a Única informação adequada à sua necessidade, naquele mesmo ponto, no mesmo tempo e no mesmo espaço.

Após isso, continuam, ambos, os seus caminhos de divindades, na Terra, caminhantes – nem mestres, nem discípulos – cada um para o seu norte ou seu oeste, até o momento em que, em outro ponto do tempo e do espaço, necessitem, um ou outro, de uma única e adequada informação necessária ao seu caminhar... aquele que dispuser da informação será mestre e discípulo, aquele que a receber... e continuarão os seus caminhos para oeste ou sul.

Hoje, necessitado de uns consolos para os meus ferimentos de guerra e mais ainda, para o sofrimento pelos ferimentos que estou infligindo à minha parentela divina, entre o cruzamento de dois vetores do tempo, apareceu-me a Mestra! O seu mestrado durou nada mais que cinco ou seis segundos e toda a eternidade de umas agruras internas em mim se dissolveu e continuou na mesma água da eternidade, salva do remanso que a mantinha.

Nós não estávamos em nenhum templo além do templo divino. Dela não sou seguidor e muito menos ela se intenta minha mestra. O Tempo e o Espaço nos colocaram frente a frente em um simples aquariano sistema de conversas virtuais...

De repente, de conversas corriqueiras amenas, um impulso vital nos une numa oportunidade de relatar a ela as minhas batalhas contra os monstros das hipocrisias.

Perguntei a ela se acreditava que eu houvera feito um mea culpa completo para um irmão, sobre todas as traições que eu tinha cometido contra a vida dele.

Ela perguntou-me quem era o irmão traído e eu revelei.

- ...enfim, você confessou o quão importante ele era pra você, né? – ela me perguntou com essas palavras simples.

E continuando, ainda, nessa simplicidade límpida como o olhar divino, pudemos concluir que há pessoas que odeiam estar vulneráveis ao amor e por isso demonizam os que os amam e batem em acelerada retirada... celerada retirada...

Fiquei com certa pena do irmão, mas agora, tarde da noite, me vêm marteladas à cabeça:

Não seria eu também um desses seres que odeiam estar vulneráveis ao amor?

Vou pensar, se as marteladas mo permitirem.

Muito obrigado, Márcia!

Quando o guerreiro é o profeta e o profeta, guerreiro


Estou em plena batalha. Meu exército, derruído, cansado, desfalcado pois que tantos já morreram ou abandonaram as lides e eu vislumbrando em mim uns laivos de desistência, de arrefecimento; fundo em chagas, sangue nas vestes – o meu e dos meus parentes de sangue – meu arco com tira bambeada e minhas flechas enfraquecidas... embora meu olhar certeiro continue e me olhar, para mim mesmo, com o mesmo tom de certeza, ordenando não poder arrefeçar...

Olho magoado e duro para o Cocheiro e ainda arregimento primores da minha honra:

- Mestre, afasta de mim esse cálice...

O Cocheiro estanca os cavalos, de súbito... olha com tintas de repulsa o horizonte e se vira. As quatro rédeas da sua mão se soltam e soltam os cavalos, que não se soltam, em honra de sua honra guerreira.

Olha os meus olhos como águia e rapina em mesmo tempo e força:

- Levanta-te e luta.

Minha honra guerreira me espreita, ainda que eu chore, implorante ignóbil e vil diante dos meus medos- eu não posso matar os meus irmãos! No surdo da guerra, meu irmão ferido me olha, sob a minha clava, à frente da morte, na esteira do chão e me estende uma tímida mão de clemência. O direito e o dever de matá-lo estão na minha mão clavada. O Todo em mim me faculta e me ordena. Mas o meu temor me retrai e me repulsa.

- Libera-me da lida – implora a minha angústia - não intento beber o sangue do meu irmão...

Seco, duro e já enfastiado, o Cocheiro me lança, pela última vez antes que me permita o não cumprimento do dharma:


- Tu não matarás ninguém, pois o espírito não morre, não se machuca e nem se molha. E diz ainda: aquele que acha que mata ou que morre é um idiota, pois que nada e ninguém morre ou mata.


E ultima sem piedade:

- Tu és guerreiro. O guerreiro há de lutar para matar. Se isso ele não faz, cai em desonra perante o Espírito.

Ai, tou tensa!

Alô, hecatinos... Oi!

Hécate era a deusa que encaminhava as almas dos mortos para o lugar devido, mas sabiam que era, também, a deusa protetora dos ladrões enquanto vivos, na terra...?

Alô!... Alô?!... uai... desligaram!

Como as pessoas desligam os telefones na cara da gente, hoje em dia, não?!...

Ixi! Minha Deusa Das Túnicas Pretas, será que falei alguma coisa que não gostaram?!

Da Série Jesus Cristo - Cristo e os porcos


“Não lanceis vossas pérolas aos porcos, para que não aconteça que, se virando contra vós, as dilacerem”

Estaria Jesus Cristo citando o nosso comum Sus domesticus, bichinho tão gentil? Não acredito! Jesus não foi tacanho.

Teria sugerido Jesus que há seres mais e menos qualificados, ou evoluídos, afirmando que o porco – bichinho tão gentil – seria um desses seres menores? Não acredito! Jesus Cristo não foi religioso e só os religiosos cometem tais parvoíces. (*)

O que teria feito Jesus ligar, num só pensamento, pérolas e porcos?

Simples, eu entendo: os porcos não dão valor às perolas e, por tal, diferença nenhuma tê-las ou destruí-las. Não é da natureza do porco ter, comer ou usar pérolas.

Tão simples assim? tão rasteiro? Não acredito! Jesus foi um Mestre e, como todo verdadeiro mestre, não ensina: só sinaliza. O que você concluir o coloca na categoria de pérolas ou de porcos.

Há mal em ser porco? Ser porco classifica o Sus domesticus como ser inferior perante ou dentro da Vida? Não acredito! Ser porco é mister dos porcos e ponto final. Ser pérola é mister das pérolas.

Ser, estar, ficar ou permanecer porco (como é rica e propícia a língua portuguesa!) para um homem não é mister do ser humano. É apenas condição optada.

Se você optar por ser, estar, ficar ou permanecer porco, fica plausível que, enquanto em uma dessas condições, você não receberá pérolas ou seja apenas mais um destruidor delas. Você é quem sabe.

(* ) ... eu já ouvi, da boca de um desses mestres que se arvoram detentores de pérolas, que para entoar mantras às divindades hindus, é preciso que se o faça em bom e bem pronunciado sânscrito; caso contrário, as divindades não vão lhe dar atenção...

Eu perguntei, pasmo - e os fanhos?

O mestre me respondeu: não serão ouvidos!

Será que as divindades hindus consideram porcos os fanhos ou o mestre, tão somente ele, é, ou está, ou fica ou permanece um “porco”?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Um homem.



A intuição

Que vem do nada – potencial

Se movimenta

com pressa.

Gelo derretido

Pelo sol do verão

Lago liso – água profunda

Que o viril fecunda

Que aquece e permite iniciar.

Vai ao novo dia

Valer-se do sangue anímico do ancestral

Em desvelo e desvelar

Do sol da intuição

Intuição que conserva

Aquele que carece ir – sempre, com pressa

Ao presente que se merece.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Por que você está morto?














A Divindade é a Vida. Ou, mais simples ainda, a divindade é a vida.

Isso que você vê em toda parte, que existe, palpita, é a vida. Isso que é todo-penetrante está em tudo e é tudo, isto é a vida. E a Vida é o Divino.

Isso que chamam, em aleivosia, de deus, de deusa ou por uma infinidade de nomes e características diferentes, em todos os panteões, é apenas e tão somente isso que está em toda parte e é o todo e todas as suas partes: a Vida.

A vida se manifesta e se preserva em tudo. Em todos os seres cognoscíveis ou não, perceptíveis ou não, visíveis ou invisíveis, conscientes ou sencientes, você, eu, o vento, a luz. Tudo! Isto é o Divino em todas as suas manifestações. E o divino é eterno e auto-satisfatório.

Quando você se ajoelha no altar para fazer pedidos aos deuses, você está morto. Você não tem vida. Você tem medo da vida e, morto, pede à vida, que lhe favoreça coisas.

A vida não pode favorecer coisas à Morte. A Vida não presume a morte.

Aquilo que você e todos os religiosos chamam de morte é apenas o momento de mudança de roupa da vida. A Vida é permanente e, ao contrário da afirmação budista, tudo é permanente, porque tudo é a vida.

Isso que você chama de morte, de fim, é o seu estado impermanente de vida, porque você está morto dela. Você está vazio de Vida e, por isso, pede, faz culto, rende homenagem ao todo Divino – a Vida – como se a vida fosse algo apartado de você e você precisa pedir coisas a ela, porque ela não está em você.

Só quem não tem é que pede. Quem tem, doa, reparte.

Então, esqueça esses deuses e deusas que lhe prometem coisas e controlam os seus caminhos. Eles também são mortos de vida e não podem lhe doar nada. A morte é o vazio e o vazio só pode habitar o vazio que você lhe oferece, renegando-se à Vida.

O culto amedrontado que você faz a esses deuses mortos é o medo que você mesmo tem da Vida.

É sua a escolha de ser uma manifestação da Vida – portanto essencialmente divina – ou morrer-se e oferecer seu cadáver ao vazio.

A vida não prescinde da vivacidade. Ao contrário, exige e se alimenta dela. Para a Morte, basta apenas o vazio que você lhe oferece.

Seja divino vital ou morto. Simples escolha.