sexta-feira, 16 de abril de 2010

Suicídio.

Houve alguém que se matou. Enforcou-se. Enforcou-se no vão da escada com o arsênico que encontrou nos livros de idéias alheias, preconcebidas e intimadoras.

Os livros mofam muito cedo. É preciso renovar a sabedoria dos livros.

Eu amei muito esse alguém, enquanto ele esteve de carona na minha Vida. Amei como se deve amar. Amor útil. Daqueles que se aninham e fazem ninho para que o exercício da Vida seja constante. Seguro. Propulsor e que magnetize qualquer possibilidade de acrescentar alegria e prazer ao ato de Viver.

Amores compassivos são daninhos. Amores compassivos destonificam qualquer musculatura: a da alma, do espírito, da visão e do alcance.

Hoje eu afirmo, não sem alguma lembrança, que já não mais amo o meu amigo suicida.

O meu amor para ele não foi compassivo como aquele que diriam os budistas - afirmando ser da boca do Budha - o amor que só compreende e se plasma em si mesmo. Não sou do amor que não vigora, que não tonifica. Que não impulsiona. Que não exaspera... sou do amor que espeta as bundas dos amados com ponteagudos tridentes! Amor que modifica.

Meu amigo preferiu a morte. Enforcou-se na prateleira da biblioteca, com o arsênio que devorou nos livros de poetas e sacros bem intencionados...

Quem sabe, hoje, agora, ele possa andar no Paraíso, sem a negligência que lhe foi tão conhecida na vida? Que possa andar com as suas mesmas pernas e braços... e que, doravante, sua magnífica voz cante, que seja o dançarino que dança e que, com suas mãos encantadas, desenhe e pinte as coisas novas, nunca dantes pintadas... antes.

Tomara esteja ele feliz na sua Morte.

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