terça-feira, 29 de setembro de 2009

A asa ida de mim

Só um Cronos muito invejoso das minhas asas poderia ter do par arrancado uma... Asa que se foi, mirando as próprias costas, na busca do meu olhar. Tanto que queria ficar em mim.

Hoje sou homem partido de minhas asas e não encontro sossego nem nas luas grandes, nem nas mortas e mais, ando à cata dela, rimando meus passos com as ondas do ar, este que me impulsiona, sempre às tontas. Ando à cata dos meus dedos e de todos os dedos que se foram acompanhando a minha outra asa.

Quem suporta uma face tão doída de uma dor que se alonga, arrasta e me puxa mãe a dentro. Quem pode lamentar a sorte de estar na Terra, no útero dela, queimado de uma saudade tão longa, tão impiedosa?
Nada sei de outras intendências que adotei ou me impuseram. Não se aplicam mais à minha atual vivez. Tão anacrônica!

Se eu pudesse socorrer a mim mesmo, dar bálsamo à minha nuca tensa de tanto olhar o fio do horizonte, entre mudas árvores e fumaças que se misturam, eu chegaria a mim e me deitaria entre as agulhas da relva e tornaria, pra mim mesmo o olhar, o mais terno que pudesse ter e diria: vai. Alcança a tua paz, mas não te perturbes porque te falta a asa.

E eu me olharia com o mais lasso olhar e penderia o sobrolho a uma esquerda/passado e me dispensaria de chorar. Voltaria, depois, cansado a mira para mim mesmo e me dispensaria de falar porque já não me fazem mais sentido as falas.

Não guardaria para mim o sentimento da derrota porque jamais houve a batalha. Só uma asa arrancada a golpes de foice: um só golpe e, mudo, permaneço na pergunta. Onde andarão as ternas penas brancas da minha branca asa? Mortas nas águas do rio do pai? Vivas no útero escuro da mãe? Voando nas ondas do vento ou adormecidas no sangue da emoção, no sangue do que habita o meu mais distante?

E desnudo rouco os meus braços de asa decapitados e desfiro uma leva de indagações, setas fálicas, de esquálida matéria em direção aos céus... mas o que importa o céu se a minha asa, em mim, era o meu céu pessoal?

Devo seguir os meus passos e encontrar a minha própria origem?

Nada mais quero entender desde que me falta uma, a mais complementar das minhas asas e presumo que a longuidão desta planície pode margear, costeando todo o mar da minha mais extensa incompreensão, até alcançar as rodas do carro...

Alcançaria eu roubar a dele foice e transformá-la em obelisco, marca fálica da minha vitória?
Poderei eu atinar com esta presunção?

Imensa desventura esta a de inventar palavras para esconder a minha verdade!

Brasília, 05 de abril de 2006.

Você e eu...

Não procure ver dois punhais verdes nos meus olhos.
Não procure este mar verde com longas ondas que são os meus olhos.
Não procure nada em mim. Eu não estou neles. Eu estou em outra parte, maldita parte onde ando, maldito mar de areia castanha que se oculta de mim, dos meus pedidos, dos meus acenos.

Não procure em mim o que está nos seus olhos! Procure antes nos seus. Procure antes nos seus olhos castanhos. Você me encontrará dentro das sombras deles. Estas mesmas profundezas que você não quer perceber e não presume sentir.
Por que tanta vontade de estar longe de si? Por que tanta ameaça o mantém em tanto alargada distância?

Deite-se nas notas das músicas e tente alcançar o som mais puro, o mais grave e solte os ouvidos da sua alma aos chamados meus! Você sabe o quanto são música para os ouvidos seus os meus chamados.
Não se amarre nos moirões deste arame farpas que rodeia os seus temores.
Está temendo o quê? O nosso encantado amor de poetas carne dentro da noite?
Do nosso beijo da nossa única boca separada em dois homens?
Levante esta clava e derrote a nossa falta de nós mesmos. Arme as suas mãos com tantas tintas necessárias sejam e pinte a minha cara com a sua mesma face e desenhe-me nas dobras da sua.
Seremos outra vez um só como nunca deixamos de ser.
Olhe para esta música... é o meu canto de sereia enviuvada nos rochedos – psique sem eros, a cantar uma única nota: o seu nome.
Esta candura, esta paz ameaçada nos amarra em tormentas que já não carecemos gozar. Gozemos os nossos tormentos de desejo um do outro. Gozemos os nossos lábios colados. Gozemos a escura face do inferno quente dos amores rendidos a si mesmos.
Pare, homem. Pare de buscar no mundo aquilo que está nos meus olhos verdes – floresta maga – que esperam o instante de repousar nos seus.
Esta pausa... por que esta pausa se o tempo da música passa?

Não há nada além deste muro. Este muro nos encerra um no outro. E nada sobrevive depois dele. Não atinou ainda que nossas penas se acabam em nós?
Que nosso andar falsiforme se esgota e acaba no momento de termos só um corpo e duas pernas bastarão para ele – uma minha e a outra sua?

sábado, 26 de setembro de 2009

E agora, Vittória?

"... eu sou o teu Deus zeloso e Criador que vinga a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus preceitos".
(I Mandamento - Bíblia Sagrada.)

E esse Deus, Vittória Rekis, chama-se Plutão! e se vc não sabe, Plutão é o nome dado a Hécate, no patriarcado e Hécate é o nome dado às Moiras... todos uma só energia: o destino.

Plutão demora mais de 100 anos para dar uma volta ao redor do Sol e isso engloba, mesmo, 3 ou quatro gerações numa só família.

A ausência física ou psicológica de um pai ou um pai emasculado por uma mulher viril e castradora pode se perpetuar por 4 gerações como no mito de Orestes, que tem que pagar uma dívida do seu trisavô para com os deuses. E inocentemente...

Por que? com que intuito você procurou, arregimentou, selecionou e plantou tanta maldição sobre o Orestes inocente que vai nascer do seu sêmen?
Por que não realizou você o seu destino medonho de filho rejeitado, transferindo para o seu filho, para que ele cumpra o que você não teve força, hombridade e coragem de fazer?

E agora, Vittória Rekis, já não adiantam a sua verborragia caudalosa e a sua prolixidade infundada... já não adiantam as explicações, as justificações...
as maldições já foram lançadas e queda muito tarde para fazer qualquer coisa.

Esse filho há de ser o rejeitado novamente. O novamente abandonado. O filho sem pai porque o pai se tornou mãe. Cedeu o falo. E o cedeu não só à mulher dominadora, mas cedeu para todo o universo.
E homens sem falo jamais serão homens. Jamais o foram.

E eu, centro imediato de todas as suas antenções atuais, me regozijo. Você sempre quis ser eu, mas ser eu é uma tarefa que cabe somente a mim. E o tenho sido, penso. Prova disso é o seu grande desespero de moribundo.

Não vou em seu socorro como você ardentemente deseja. Não vou socorrer o que eu quero ver moribundo. Eu escrevo e entendo o que eu escrevo. São meus os meus pensamentos e minhas conclusões. Não os copio de livros ou de flâmulas que a sua servidão necessita.
Por isso, digo-lhe. Você haverá de arrastar-se sob a maldição que vc carreou para o seu filho.

Mais que isso, nada de si me interessa.

Beijos daquele que um dia o convenceu a permanecer onde você não queria ficar e hoje não consegue sair, mesmo que sendo o último, sozinho, estertorando sobre os dejetos do que nunca foi nada!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vamos sujar as ruas?

Há poucos dias, a minha neta de 10 anos repreendeu-me veementemente porque me viu jogar uma carteira de cigarros vazia na rua, enquanto eu dirigia.
- Vô, você não pode jogar coisas na rua! Você está sujando a cidade e a natureza...
É verdade. Eu sei disso. Mas como explicar a ela a transgressão necessária do status quo e do sistema de leis caduco e inoperante que temos?
Como explicar a ela a natureza da sujidade da natureza humana?
Como explicar a ela a pouca profundidade da "flâmula" - NÃO PODE SUJAR A CIDADE", enquanto o monóxido de carbono do mesmo carro que estávamos sujava de maneira irreversível a Natureza?
Como, se os pneus que sustentavam o nosso carro eram borracha extraída de maneira violenta da Natureza? Que o ruído que fazíamos com o carro contribuía para sujar a Natureza...
Não, não seria possível explicar a ela e, que pena, ela também tinha aprendido e apreendido uma flâmula!
De forma análoga, uma amiga minha fez cara de espanto quando eu atirei uma guimba de cigarro no passeio público.
Sim, eu jogo guimbas de cigarro na via pública. Não me preocupa nada o fato de ser censurado por pessoas que só me repreendem porque decoraram uma flâmula.
Ora, Senhores... de que adianta não jogar a guimba de um cigarro na via pública se, anteriormente, eu havia provocado fumaça tóxica com o mesmo cigarro?
Eu compro cigarros. Eu fumo cigarros!
Os cigarros são uma indústria poderosa que, na sua origem, sujam a natureza, plantando e colhendo tabaco em proporções astronômicas - com o devido comprometimento das terras onde são plantados e colhidos. Utilizam papel - também sobre o abate de milhares de árvores... introduzem inúmeras químicas que falseiam a gravidade do fumo... queimam milhares de seres humanos que se encantaram com os prazeres do fumo! E sujar o pulmão do ser humano não é sujar a Natureza?
Ora, convenhamos. A guimba é só o termo de todo um processo de violência contra a Natureza desde a sua origem.
É simplista e inverossímel discursar sobre a guimba jogada no passeio público ou em um cinzeiro. Onde irá esse lixo monumental recolhido nos cinzeiros? Para um planeta distante? Claro que não. Os "politicamente corretos" informam que vão para as usinas de tratamento de lixo.
Por que esses "corretos" não conseguem ver os milhares de lixões ao redor de todas as cidades? Será que haveria categorias de lixo? Castas de lixo? Lixos que vão para o tratamenteo e lixos que não?
Ou será que os "corretos" leram em alguma flâmula que TODOS os lixos vão para o tratamento e, como "bons corretos" acreditam nisso e saem pregando a mesma bíblia e vendendo a mesma flâmula?
Desculpem-me, mas não consigo atinar.
Eu fumo e jogo a guimba no chão da via pública.
É a minha maneira de ser coerente com a sujeira que o cigarro causa em toda NATUREZA. Como fumante, estou ciente de quando o cigarro chega às minhas mãos, ele já vem comprometido com todos os males anteriores que outros provocaram. Se é mal na origem, que o seja até o fim. Sou a parte final do cigarro.
E mais, com isto ainda pratico a minha desobediência civil!
Sujo as ruas para que o serviço de limpeza urbana limpe.
Esta mesma amiga que estranhou o fato de eu jogar guimba na rua argumentou - quando eu disse que jogava para o governo limpar - que nós sabemos que os governos não fazem isso e que cabe a cada cidadão fazer a sua parte.
Concordo com ela também, mas a minha parte, no sistema de leis do governo é pagar a Taxa de Limpeza Urbana. E o Governo deve fazer a parte dele.
Eu pago para que ele limpe. Como pode se limpar o que não está sujo?
Se eu não devo sujar, da mesma forma nao devo pagar!
É incoerente não sujar e pagar para ser limpo o que eu não sujei, não concordam?
Dêem-me mais argumentos. Preciso saber se estou lúcido ou se já passei da idade de o ser.
Beijos

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A Vitória de Jackqueline Lob!

Aguardem para breve a estréia do mais novo musical da cidade!

A Vitória de Jackqueline Lob e o Rayo de Sol.

No elenco:
Vittória Lâmia
Jackqueline Lob
Helena Bolona
Trindade Santana
Psissiririca
Pão com Oven
e outros (infelizmente sem muita importância, por isso, não lembramos os nomes deles)

Direção de Big Black Ass - IMPERDÍVEL!

Não perca! Brevemente nas melhores igrejas... ops, nos melhores teatros de Brasília

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Nós também temos os nossos Phillips Garridos!

Em 1991 a menina americana de 11 anos - Jaycee Lee Dugard - desapareceu em um ponto de ônibus. na California.
Jamais foi vista até final do mês passado quando foi descoberta pela Polícia.
Durante esses 18 anos ela esteve mantida presa em um quintal, onde sofria abusos sexuais de Phillip Garrido, de 58 anos, auxiliado pela mulher dele... (em alguns casos, a mãe auxilia!). A menina teve duas filhas de Garrido.
A Polícia desconfiou quando encontrou Garrido distribuindo panfletos religiosos (!!?) para transeuntes na rua, acompanhado de duas crianças.
Quando interrogado, não soube explicar quem eram os pais das crianças e foi desmascarado.
Sim, Senhores. Nós também temos os nossos Garridos (que, no nosso caso é mesmo garrido no seu pior sentido de janota, de casquilho) e uns bem próximos de nós.
E, da mesma forma moral, distribuem panfletos, discursam moral, professam fés puritanas e severas.
Não tenho nojo das condutas humanas porque professo o cinismo, mas cuspo nas hipocrisias! Cuspo nos garridos que, atemorizados pela minha amoralidade policial, se escondem, foragem, esquivam, mijam perna abaixo e chamam a mãe em seu socorro.
Que venham mães e filhos garridos à minha frente! Postem-se e me tragam panfletos religiosos... mas, ai, os garridos são tão impotentes, tão covardes que nunca essa alegria me darão!

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A Moral Imoral

Faz o que eu falo e, se descobrires o que eu faço, não fales nada. Nem a mim, nem a outros e muito menos a ti!
Isto é a moral, senhores! Isto é a moral... e aquele que se levantar contra isso, que se alevante de verdade, venha até a mim e desfira em meu rosto o primeiro tapa.
Que se me venham os ortodoxos todos, os de plantão e os mais aguerridos. Venham a mim com suas verdades pontudas, com dedos em riste. E eu lhes direi com voz bem clara que toda ortodoxia é hipócrita! Todas, senhores. Nenhuma se salva.
Uns me apontam seus dedos nodosos e me dizem: Imoral! Pervertido! Você prega a promiscuidade... seja apedrejado. (Não é TIC?).
Sou, Senhores. Absolutamente imoral. Sou mais ainda, pervertido à ultima prova. E me ufano disso com peito cheio porque a moral deles eu repugno. Não a pratico com toda convicção. Cuspo nela a minha saliva imoral. Toda a minha perversão e a minha impudência.
Não pratico essa moral imoral. Tudo o que eu pratico, eu o faço declaradamente e não o escondo de ser algum. Sou de vidro e meus cenários também o são. Transparência. Rutilância. E isto dói em muitas gentes. Dói porque se permitiram ser de louça, de chumbo, de barro, de baratezas, de modicidades. Seus cenários são sombrios, com biombos improvisados cheirando a sangue antigo dos avós, velhos tapumes enegrecidos, sombras, buracos nas paredes derrelidas - e derrelidas porque não presumem manter delas a posse, pela podridão amontoada em cada rodapé, em cada soleira escura, em cada janela fechada a tranca e prego...
Falta luz, luminosidade, falta ar em cada cômodo do espírito dessa gente. E essa gente vive dentro dos seus barros, nesses esconsos apontando os seus dedos como fantasmas errantes, amarrados em correntes.
De que vale, Senhores dos dedos pontudos, apontar a sua ignomínia, como metralhadoras giratórias a esmo?
Que sejam então gritados 3 hurras à imoralidade, à perversão! A moralidade está medida pelas suas janelas sujas e não em si mesma. A moralidade em nada difere da imoralidade ou da amoralidade. Tudo é uma só coisa. Os seus olhos enfumaçados pelos seus próprios terrores é que não podem ver essa coisa e definem que a parcimoniosa visão que tiveram vá definir que o que vêem é o que é!
Tontos Senhores da Moral... é deveras piegas ser motivo de riso de toda gente!
Bufões da Corte!
No Palácio da Moral, eu sento à esquerda dela, no trono amoral. Festejamos sempre todos os bailes da corte e - precisamos ser honestos - vocês, os bufões sempre nos divertem. Ao fim de cada noite de prazer, de vivência com amigos, com amantes, com prazeres, com a corte cansada de ser feliz, olhamos os bufões que continuam, monotonamente repetindo os seus autos e suas farsas e os honramos com nossos aplausos, nos perguntando, quando nasce o sol, como podem estes seres repetir a mesma fala, sob a mesma entonação e a mesma coreografia enquanto reis passam, reis nascem e os bufões nunca são diferentes e representam a mesma cena eternamente?
Logo depois, dá um sono, uma preguiça... vamos dormir o sono do prazer e nos preparar para mais uma noite de prazeres e cantos e danças, vendo os bufões repetir a mesma cena...
(Galera, eu escrevi esse texto para o TIC, mas na leitura final percebi que está deveras empoado e o repertório vocabular dele é tão reduzido que ele não vai entender nada... mas estou com sono e com preguiça. Não me interessa mais me ocupar com esse bufão!)
Bom dia

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Meu olhar quase pagão sobre.... WICCA (Parte1)

Sempre é possível rir da desgraça alheia, mas rir da tonteria alheia é melhor ainda.
Nesse texto eu debocho com vontade do meu passado wiccano (apesar de que meu élder, à época, jurava de pés juntados, pela Cruz de Cristo, que não praticava a Wicca) e dizem que quem tem passado, não pode ter orkut... risos.
Meu passado me condena e mesmo assim tenho orkut! Nenhum "trabalho de sombra" funciona melhor do que podermos rir das nossas idiossincrasias.

O PERFEITO AMOR e a PERFEITA CONFIANÇA são umas das exigências práticas mais defendidas na Wicca.
É preciso exercitá-los com rigor e perfeita nescidade.
Para conseguir Amar e Confiar Perfeitamente basta que você ouça, decore e repita todas as frases – escritas ou orais – que os seus élderes disserem. Mesmo que estas frases pareçam incongruentes e incoerentes entre si. O importante é que para Amar e Confiar Perfeitamente você não faça nenhum raciocínio ou julgamento. O que você aprendeu antes, jamais pode ser comparado a qualquer novo conceito que o seu dedicador ou seus élderes lhe apresentem. Eles jamais erram. Ame e Confie Perfeitamente neles.
Pratique o Perfeito Amor e a Perfeita Confiança somente com os élderes da sua Tradição. Jamais caia na tentação de ouvir outros élderes. Eles são a representação do mal, da ignomínia, do inimigo velado e das tendências cristãs.
Seja atento. Jamais procure qualquer conceito diferente do que lhe disseram os seus dedicadores.
Aliás, para não correr nenhum risco, nunca leia um livro, ou um artigo, ou um depoimento – principalmente se tiverem algum cunho científico – porque eles são corrompidos e podem ocultar armadilhas para o seu conhecimento.
Use um tapa-ouvidos o dia inteiro. Só os retire à frente dos seus dedicadores. Isto é um ato de PERFEITO AMOR E PERFEITA CONFIANÇA!

A DEUSA
A Deusa é o fulcro de todas as confluências de uma tradição. Ela é sempre construída à imagem e semelhança do Elder da daquela Tradição e pode ser adorada por meio da adoração ao seu Dedicador. É sempre mais fácil e a voz da Grande Sacerdotisa é a voz da Deusa. Jamais duvide disto para que você não caia em absoluto descrédito e tenha os seus laços mágicos cortados.
A Deusa nunca fala com você. Não pretenda isto. É arrogância – e nenhum dedicado pode ser arrogante. Há que se preservar desta ofensa. Ela só fala pela voz da Grande Sacerdotisa.
A Deusa tem milhares de faces. E cada uma será apresentada a você conforme o estado de espírito da Sacerdotisa.
Se, por um acaso, alguma destas faces disser coisas muito diferentes entre si – preste atenção: muito diferentes mesmo! – aí já estará havendo a participação do Deus Trapaceiro.

O DEUS TRAPACEIRO
Este Deus sempre aparece quando alguma coisa dita por um sacerdote foi contradita por outra coisa dita pelo mesmo Sacerdote. Pode ter certeza que este Deus está presente, naquela hora, em imanência naquele sacerdote. Não duvide!
O Deus Trapaceiro tem a função precípua de enganar você.
Se você ficar em dúvida se este deus é Hermes, Lúcifer, Hermes Trimegisto ou Apolônio de Tiana, não procure saber porque a função dele é manter você sempre em dúvida. Ouça a voz do sacerdote, neste caso. Ela sempre merecerá crédito.
Ele sempre aparece no dia da sua dedicação, com capuz preto, de supetão, pregando um susto em você como nos filmes de terror. Se o seu coração disparar nessa hora, parabéns, você está pronto para ser um dedicado. Se não, pena, você não foi ungido.

IMANÊNCIA – ESSÊNCIA – TRANSCENDÊNCIA – APARTAÇÃO

Se você aprendeu alguma coisa a respeito destes conceitos em filosofia, ESQUEÇA-OS. Lembre-se que todo pensamento é mental, portanto não-mágico e representa o patriarcado. Esqueça tudo.

IMANÊNCIA – é aquilo que a Sacerdotisa diz quando está paramentada e investida da autoridade sacerdotal, em um ritual qualquer.

ESSÊNCIA – é todo o somatório do que nós somos. Nosso EGO, nossas SOMBRAS e nossas MÁSCARAS.
Aqui, os conceitos junguianos de sombra, ego, anima, animus, persona, etc não cabem porque Carl Jung não é mago e não tem autoridade para falar em Magia. Esqueça-o. Os sacerdotes não são psicanalistas, mas têm toda autoridade para utilizar conceitos psicanalíticos. Mais uma vez procure decorar o que a Deusa fala pela voz da sua Grande Sacerdotisa, quando em imanência.

TRANSCENDÊNCIA – é tudo o que não pode ser buscado. A transcedência é um termo criado pelos filósofos patriarcais e pelas religiões diferentes da wicca. Esqueça este conceito.

APARTAÇÃO – é o conceito originado nas religiões judaico-cristãs que afirmam que o deus está apartado de nós, isto é, separado de nós e que se pode depreender que ele é infinitamente superior, justo, magnânimo e vingador dos pecados nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que o aborrecem.
A wicca não considera a apartação. A Deusa, os outros deuses e nós somos uma só matéria, embora a deusa e os deuses tenham vontade e poder exclusivo sobre nós.
Se isto gera um conflito interno na mesma matéria, isto é, a matéria composta pela deusa, outros deuses, humanos e todo o universo, é uma pergunta que não cabe. É um mistério.

MISTÉRIOS – mistérios são mistérios. Só os grandes sacerdotes detêm o conhecimento e a razão deles.
Não confunda Mistério com Dogma porque a wicca não pressupõe dogmas. Só mistérios. Sistema, leis, juramentos, obediência, nada disso é dogma para a Wicca embora cada tradição tenha suas leis, sistemas, obrigações, juramentos, etc.
Como são mistérios, não cabe aqui a exposição deles.

LAÇOS MÁGICOS
Laços Mágicos são feitos de cordões de algodão, ou seda ou poliéster. Neles, são dados, em geral, 13 nós que representam cada uma das luas cheias, durante todo um ano. Eles são amarrados na sua cintura e devem ser usados em todos os rituais. No dia da sua dedicação eles são amarrados na cintura do seu dedicador também. Aí estarão selados os laços mágicos.
Para romper os laços mágicos você tem que devolver esse cordão ao seu dedicador e ninguém sabe o que ele faz com isso. Provavelmente, nem ele, porque faz parte dos mistérios.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Sou um homem feliz. E você?

No ano passado, eu estava em Jaipur, na Índia e fui ver uma loja que vende deidades e instrumentos para poojas, sadhanas e outras coisas – belíssima loja aliás, com belíssimas obras de arte hindu – e fui muito bem atendido por um jovem vendedor. Comprei coisas – aliás, gastei um bom dinheiro – e como sói acontecer comigo, quando sou bem atendido numa loja, gosto de ser mais atencioso ainda com o ou os vendedores. Notei que no fundo, no canto direito do térreo da loja, estava sempre um senhor muito alto, magro, cabelos bem brancos, típico indiano, às vezes de pé e outras sentado.

Voltei no dia seguinte e no terceiro também quando, além de gastar mais, ganhei diversos presentes do jovem vendedor que veio junto com o senhor indiano do canto da loja. O senhor me olhou com olhar manso e interessado e me perguntou de chofre:
- O Senhor é um homem feliz, não é?
Entre o susto do inusitado da pergunta e o prazer que ela me deu eu respondi, sim, o sou! Sou um homem feliz. Não tenho emprego e, por conseguinte, não tenho patrão, não tenho chefes. Não tenho horários a cumprir e não tenho mulher para me torrar o saco. Ele estranhou um pouco e eu nunca soube
se ele estranhou o fato de eu não ter mulher ou de que as mulheres torram o saco, porque, na Índia, as mulheres não torram o saco!
O jovem vendedor, recém-casado e esperando a primeira filha me perguntou se eu queria ser padrinho dele – na Índia as pessoas escolhem seu padrinhos, os quais chamam de father. Aceitei com prazer e orgulho. Eles tinham me permitido uma experiência magnífica! Até o hoje o meu filho hindu me escreve e me manda fotos da minha neta, filha dele.
Sim, amigos, sou um homem feliz!
Apesar de a felicidade nos proporcionar a mais fecunda experiência de egoísmo, egocentrismo e egopacificação, ainda me choco com os que não vivenciam a felicidade.
Chocam-me, por exemplo, pessoas que têm um emprego qualquer no serviço público, com chefes ordenando o que deve e o que não pode ser feito, segundo as vontades deles. Pessoas que reservam 8 horas do seu dia pensando como agradar ao chefe para que não sejam movidos do carguinho que alcançaram. Pessoas que reservam 40 horas de cada semana para receber um salário no fim do mês e ter ainda que entregá-lo à mulher porque ela quer comprar o apartamento e necessário é economizar. (sinto sempre aí um certo senso de garantia do futuro dela e das crias, porque o idiota pode morrer num enfarto qualquer, mas ela tem guardadas as garantias de casa e comida e pensão. Daí, claro, pode arranjar um carinha bem mais novo que lhe dará sexo e prazer com o dinheiro do falecido. Mas isto pode ser só maldade minha...).
Sinto penas dos homens que entregam seus falos à bruxas castradoras ou à mães castradoras. Homens sem falo só podem ter mesmo um destino: sustentar o varão que virá ocupar o lugar deles quando forem desta pra melhor. Mulher gosta de varão, ao contrário do que dizem, quando afirmam que elas gostam é da carteira de dinheiro.
Mulheres têm 3 fases claras. Na fase de donzela, elas cultivam o gosto pelas carteiras dos maridos. Na fase mulher adulta, elas adoram gastar o dinheiro que fizeram com os maridos, mas não dispensam uma boa vida sexual, de preferência com varões. Viris como deveriam ser todos os homens.
E não pensem, com isto, que eu as estou criticando. De forma alguma. Elas estão certíssimas. Elas não castram. Os seus homens oferecem os seus falos a elas em sacrifício. Então, que mal há em usar a oferenda que receberam?
Há, ainda, os homens que oferecem o falo à mãe. Falam grosso e empostado diante de 3 ou 4 fêmeas descerebradas, mal amadas e mal comidas (aliás, tá uma falta de machos no mundo!), escolhidas a dedo para não raciocinarem e, diante da mãe, miam como crianças.
Triste é o macho que depende da providência materna! Muito triste! Machos que até a internet que usam para praticar a imoralidade – na calada da noite, na surdina de um quarto que protege um computador bem amoitado – é paga pela mãe.
Às vezes, mãe é mesmo um mal necessário.
Eu sou, de verdade, um homem feliz. Faço o meu provimento. Exerço total autonomia sobre o meu tempo. Plantei uma árvore. Criei um filho e escrevi um livro. Já estou pronto? Que nada! Tenho ainda muita coisa para transgredir.
Eu nasci Elder porque o sou naturalmente desde que a divindade resolveu, mais uma vez. ver o mundo com olhos.
Não careci de inventar uma igreja, saída da minha mitomania, para obter reconhecimento. Eu nasci Elder, senhores! Não venham me bater por causa disto. Vão reclamar com as suas divindades e perguntar a elas porque fizeram de vocês simples joões-das-couves.
Pensando bem, só os grandes são alvos de tentativa de apedrejamento. Oras, fiquei feliz em saber disto! Ninguém se preocupa com o joão-das-couves.
Os notáveis sim, esses o mundo admira ou apedreja. Os iguais admiram. Os anões apedrejam. (e o Ângelo Gaiarsa já tratou disso muito bem no seu memorável Tratado Geral da Fofoca).
Se os anões estão se esforçando tanto para se fazerem notados é porque reconhecem em mim o Grande. O Maior que eles.
Crianças! Anões! Pequenos! aproximem-se de mim. Eu pratico o princípio budista da equanimidade (da minha maneira, claro!) e posso ajudá-los a crescer e crescer, aqui, não significa ser moral, ser humilde, ser da luz, alimentar o lobo branco e tantas outras bobagens puritanas e dualistas e sim, puramente, ser feliz, embora eu pratique, também, o princípio do Al Vel Legis – “pisai no pescoço dos fracos”, o que me faz completo e em toda plenitude.
Sou um homem livre que segue os próprios pensamentos. Exercito a minha liberdade conforme aquilo que EU entendo como liberdade porque não carrego nada que seja escondido. Não cedo o meu poder pessoal a não ser para aqueles que eu determino. Pratico o meu prazer. O dinheiro se me dá a mim, muitas vezes mais do que eu necessito para a simples sobrevivência. Tenho infinidades de amigos – pessoas que me amam verdadeiramente – e gostam de mim porque sentem que dou a eles o que esperam de mim. Tenho um filho do qual muito e virilmente me orgulho: capaz, independente, provedor, bonito, bem casado, pai de minha neta que de tão amada se chama Amanda. Uma ex-mulher de brilho, carreira, personalidade e independência próprios... preciso mais? Sim, claro que preciso e quero mais. E estou aqui para receber o mais que vem a cada instante.
Celebro os deuses? Sim, celebro os deuses que eu sou e no meu altar pessoal de crenças e celebrações, a minha imagem está ao lado de todos eles. Do mesmo tamanho e quando eles me aborrecem, a minha imagem passa a ser maior que a deles. Quando eu os aborreço, trato logo de fazer um acordo de toma-lá-dá-cá. Nós nos divertimos muito com os nossos acordos.
Temo os deuses? Jamais. Jamais posso temer a mim mesmo!

Brasília, DF, 11/09/2009