segunda-feira, 10 de maio de 2010

Mulheres ressentidas


O Caca fala, no seu tom sábio habitual, que nada há pior do que mulher ressentida. Que elas são capazes do mais absoluto inimaginável. Sempre achei que ele tem toda razão (inclusive tenho nítida impressão que Dilma é uma dessas ressentidas... que a proteção divina nos seja favorável...)

Mas voltando ao assunto, sempre dei razão a ele e hoje eu fui vítima de uma dessas mulheres. Já lhes conto, Senhores. Já lhes conto...

Estávamos no Beirute, Billy Helder e eu e junto conosco, o Volupto, que é a minha jibóia. Normal. Já fomos lá diversas vezes.

Eu sou, sim, muito louco, mas não o bastante para levar uma serpente a um lugar qualquer, caso não a conhecesse e soubesse que ele é inofensiva, dentro dos limites do controlável.

Não, Senhores, não me venham com as suas chorumelas habituais dizendo que animal é animal e jamais se sabe do instinto deles... gato também é animal, cachorro também, pit bulls também e todos atacam quando se sentem ameaçados... e para o seu governo, a mordida de um gato é mais ofensiva do que a de uma jibóia.

O Volupto é delicado, amoroso e avisa sempre – infalivelmente – quando não quer ser manipulado. Faz parte da natureza das jibóias. E ele é apenas um bebê de 8 meses, com os seus poucos 1 metro e meio.

Pois bem, quase todas as poucas pessoas que estavam no Beirute, hoje, se encantaram, pediram para pegar, para tocar, para tirar fotos... estávamos felizes.

De repente, entra uma criatura no Beirute que, sem pensar, eu disse ao Billi, Meu Deus, que mulher feia!

Uma criatura muito magra, mas sabem magra? Pois é, mais do que isso. A pele engelhada sobre nenhuma massa muscular. Mal vestida – no estilo petista de ser feio e mal vestido – o cabelo pintado caseiramente com tinta barata comprada em supermercado, estilo cor de cocô empastado; cortado como crina de cavalo... a pele do rosto muito manchada por melasmas intensos; nariz agudo e fino, mãos como garras de ave de rapina e, assim que se sentou deitou a beber cerveja, de um modo vulgar e nojento... atirou-se no homem que estava bebendo sozinho, na mesa ao lado dela, lendo Brecht; esfaimada... quase possível ver a baba escorrendo-se-lhe pelas rugas do pescoço.

Claro, o homem respondeu três palavras e se retirou para outra mesa.

Desculpem as feias, mas beleza é fundamental, já disse, há tempos, Vinicius de Moraes.

E eu peço desculpas mais ainda porque as feias me metem pânico.

De repente, entram no bar, três policiais militares, se aproximam de mim e me fazem perguntas. Desafortunadamente eu havia deixado os documentos de identidade do Volupto em minha casa. Mas os policiais foram extremamente gentis e tentaram resolver por ali mesmo. A Polícia Militar Florestal foi acionada e pouco depois, estaciona o camburão na porta do Beirute e descem mais três militares.

Providenciei que o Billi fosse à minha casa buscar os documentos do menino silvestre e os 6 policiais militares, o Volupto e eu ficamos aguardando, em conversa gostosa e cortês.

Eis que de repente, aparece a mulher feia aos gritos, exigindo que os policiais me prendessem porque ali era lugar de família e não de bicho. Minha vontade imediata foi perguntar a ela o que fazia, então, ali, uma cadela. Contive-me. Tive que engolir em seco. Como é sabido, mulheres feias são ressentidas e mulheres ressentidas são capazes do imponderável. Ela havia acionado a Polícia!

Um dos policiais disse a ela que o problema já estava sendo resolvido e que aguardasse.

A mulher feia, imensamente feia, torturantemente feia voltou à sua cerveja, sem muita convicção.

Mais alguns minutos, volta o vômito das furnas, já mal se mantendo em pé, com o copo de cerveja naquilo que deveria ser uma mão e insiste que os policias me prendam porque eu estivera com a cobra no parquinho do Beirute, um perigo para as crianças... 11 horas da noite, Senhores...e a única criança que apareceu nessa hora, estava com ela... parece que não é permitido crianças menores ficarem em bares e muito menos depois das 20 horas... mas relevemos, mulheres feias não pensam.

Um dos policiais a puxou para o lado e disse, já mais severo: Senhora, nós conhecemos o nosso serviço e o que temos que fazer. Acalme-se e volte para a sua mesa.

Virou-se para mim e disse, em tom confidencial: esta mulher é conhecida nossa de longa data, arma encrenca por tudo e por nada.

Inquieta, talvez por eu ser homem – toda mulher feia detesta os homens e vira feminista, porque, a não ser aqueles em situação de desespero, nenhum aceita ficar com uma criatura destas e brandindo mais ainda o seu copo vulgar de cerveja, disse que era jornalista e que ia fazer uma matéria denunciando que havia um homem com uma cobra num lugar de família (eu ainda insisto, o que faria lá uma cadela, então?) e que a polícia não fazia nada.

Um dos policiais, mais gentil ainda me disse, vamos sair daqui? Você se incomoda? Esta mulher vai acabar criando mais confusão...

Eu pergunte se eles se incomodavam em me acompanhar até a minha casa para pegar a Identidade do Volupto, já que o Billy havia ligado, informando dificuldades para localizá-la.

Mais que prontamente disseram que sim, que resolvêssemos da melhor forma.

Foi aí que eu me lembrei que o Billy tinha ido no meu carro. Perguntei, de chofre, posso ir no camburão com vocês? Estou sem carro.

Todos caíram numa gargalhada dizendo: é a primeira vez que a gente vê alguém pedindo para entrar no camburão.

Viemos até aqui, a identidade foi devidamente mostrada, ficamos amigos e trocamos informações sobre animais silvestres, medos e confusões.

Eu estou acabando de digitar este texto. Volupto dorme o sono dos justos e a mulher feia deve estar lá ainda, remoendo os seus ressentimentos.

Uma pergunta eu gostaria de ter feito a ela. Juro. É sincera!

Por que ela resolveu brigar comigo, que sou bonito, bem sucedido, feliz, amado, rico, desejado? Eu não tenho nada com isso, pelo contrário. Eu sou frontalmente contra a feiúra. Mas por que ela não vai reclamar com Deus que a fez assim tão mal feita?

Ora, bolas!

3 comentários:

  1. Pena que vc não pegou o e-mail dela para mandar essa crônica perfeita! huheuehuehe. bjs

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  2. Ma, eu sou doido, mas ainda me contenho! Vc acha que eu seria doido o bastante para mandar um email para uma mulher ressentida? kakakakak
    beijos

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  3. eu não PODIA ter perdido esta cena!

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