sábado, 13 de fevereiro de 2010

A Heterossexualidade assumida...


O que eu vou falar hoje parece leviandade. Mas, creiam-me, Senhores, não é!

Praticar a heterossexualidade masculina (e os que me lêem sabem o que eu penso sobre estes rótulos) é, hoje, uma obrigação social.

É raro encontrar um homem com um desejo cristalino – impulso primordial - por uma mulher.

Há algum tempo algumas pessoas se assumiam homossexuais. Hoje se vê uma maioria de “héteros assumidos”. E o que isso quer dizer? Isso quer dizer que mesmo à frente de impulsos por uma “pan sexualidade” ou mesmo uma homossexualidade, os homens, por força de aprovação social ou por força de convicções culturais, preferem, optam, por manter relações afetivo-eróticas com mulheres.

Da mesma forma, para os jovens, ingerir álcool é um meio de ser aprovado, a maneira de se reconhecer e ser reconhecido como “homem” ou como adulto. O pai do garoto, a mídia, o sistema incentivam essa conduta. Homem que é homem é independente e prova isso com seus porres.

Dessa forma, homem que é homem, come mulher.

Isto mesmo, Senhores, COME mulher. Quantas mais forem comidas mais o comedor é considerado homem. E percebam que nem me refiro ao fato de ser “macho”. É ser homem social mesmo. E come como obrigação.

Uma grande (e grande mesmo, eu afirmo!) parcela da comunidade masculina pratica essa obrigação de forma nada ortodoxa. Come a namorada para que os amigos e a própria namorada o considerem homem e, na surdina das academias de musculação se excitam mirando outros homens ou se fazendo mirar por eles. Depois desse exercício de sedução, há os mais, digamos, corajosos que se erotizam nos banhos da própria academia onde a sedução foi exercida.

Outros, depois dessa sedução, acessam os bate-papos eletrônicos e se oferecem com falas e posturas de “no sigilo”. E mais, na maioria praticando a posição de passivos. (Aliás, ativos? São uma raridade no mercado negro ou branco gay). As madrugadas nos chats são impressionantemente fartas de garotões buscando sexo homossexual.

Mais ainda, para configurar o “sigilo” as buscas são realizadas nas “salas” heterossexuais. As salas gays têm freqüência significativamente menor.

Fora isso, existem os locais de “pegação” masculina. É risível freqüentar um lugar desses. Em Brasília, o mais conhecido é o estacionamento ao lado do Pavilhão do Parque da Cidade.

A azáfama de carros girando e girando lentamente com homens procurando sexo com homens... 24 horas por dia, Senhores!

O risível que eu cito da situação é que a quase a totalidade dos carros tem película de preto 100% em todos os vidros. E os “caçadores” dirigem seus carros com as janelas todas fechadas, exceção feita à janela esquerda, que fica pouca coisa aberta para que o caçador possa ver o alvo. Embora, ironicamente o alvo também esteja com a sua janela do mesmo modo entreaberta. Só se podem ver os olhos de um ou de outro. (Eu tenho um amigo de ironia muito fina que diz “todas trabalhadas na Sheherazade!” - e é verdade... todos com um véu de película negra no rosto!

Homens maduros, casados, solteiros, garotões malhados. 24 horas de procura no inferno da sexualidade reprimida.

E mais risível ainda: quando dois olhos de duas Sheherazades se encontram e se sinalizam, um carro para, ao lado do outro, e o mais decido pergunta, à queima roupa: E aí, o que curte? A outra Sheherazade responde, na quase totalidade das vezes – Sou passivo. Ato contínuo, os carros se separam... quem adivinhar por quê ganha um ingresso pra Boate Gay mais próxima!

Não estou aqui querendo denunciar esses seres que padecem a opção por negar seu prazer pessoal sexo afetivo de maneira clara. Estou aqui para denunciar a opção.

A vida é foda, Senhores. Então, fodam-se. Façam da sua foda a melhor e mais satisfatória realização de seus prazeres.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. ri muito! rs... mas e as Sherazades jovens casadas?

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  3. Faço parte do clube pseudo-hétero, ou seria correto dizer do clube pseudo-bi, ou pseudo-gay...
    Ninguem mais assume ser hétero... e acho que ninguem mais quer ser hétero, alem de mim, é claro! Humpf
    O que me obriga a adotar uma postura bi, pra tentar alguma diversão...

    Isso é sacanagem...

    Achei seu texto divertido... mas faço dele uma denúncia, não dos gays enrustidos, mas dos héteros que como eu, estão sendo obrigados a sair de um armário imaginário, por pura falta de opção!!!!

    Atenção! isto é um problema social!

    bju Gê!

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  4. Bem, o mundo está cor-de-rosa, falo sempre aos quatro ventos. Não sei se sou hétero, pseudo-hétero ou gay, você sabe melhor que ninguém Gê, nunca tive desejos por homens (pelo menos não no sentido tradicional de homem, não é mesmo?!), então, o que eu sou? Afinal de contas, já vi essa cena do parque um milhão de vezes (quem nunca viu é porque se faz de cego, basta dar a volta de noite para ver os faróis dos carros no estacionamento, aos montes!!), mas nunca fui lá, nunca quis dar um "confere". Afinal, o que sou? Pouco importa, pois para mim apenas importa minhas escolhas e minha vida... então, se minha namorada é mulher e eu estou apenas com ela, o que isso me torna? Otário? Hetero? Trouxa? Sincero? Pouco importa o rótulo, a única coisa que importa nessa vida é ser feliz, correto? Acho que falei demais... (Marcos)

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  5. Desculpa o prutuguês mal escrivinhado do comentário anterior... eu vou pensando e vou escrevendo... então, sai errado!!

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  6. Um protesto: não é tão raro assim encontrar um homem com impulso primordial por uma mulher!
    Ou serei eu uma grande sortuda neste mundo louco?
    Beijo.

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  7. vc ainda faz uma pergunta dessas? Pra mim, Aniúshka que sei tanto da sua vida? Vc é a mulher mais bem aquinhoada dessa terra! Claro, porque vc é inteiramente mulher, na completude de ser mulher
    Te amo

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