sábado, 5 de junho de 2010

Comportamento imitativo


Durante o meu curso de Psicologia eu ouvi de um professor uma coisa que me marcou profundamente, à época. Primeiro pela arrogância da assertiva e segundo pela crueldade dela. Eu era jovem, mas já possuía meus próprios pensamentos.

Esse professor é um grande especialista em psicologia comportamental, tendo sido discípulo de behavioristas ortodoxos, nos Estados Unidos.

A afirmação dizia que, para a psicologia comportamentalista existem, no máximo, 12 seres pensantes em toda a humanidade. O restante apenas emite comportamento imitativo. Resumindo, a esmagadora maioria da humanidade é de macaquinhos.

Obviamente, à altura, cheio do vigor de crença e esperança e idealidade da juventude, não concordei e virei-me contra ela.

Hoje eu temo estar concluindo que ela é soberanamente verdadeira.

Quando será o dia que eu presenciarei todos os seres humanos capazes de emitir um pensamento próprio? Um pensamento genuinamente próprio, advindo de cognições próprias e experiências pessoais, que não sejam meras extensões de fórmulas de pensamentos vigentes em moda?

O conhecimento e a sabedoria – que prescinde dele – são cumulativos. Ampliam-se no sentido vertical A ampliação no sentido horizontal apenas “engorda” o pensamento. E, infelizmente, é o que tem feito a humanidade. Um ser pensante diz algo relevante, em um degrau acima do que fora dito anteriormente e a moçada começa a repeti-lo às raias da exaustão e acrescentando “depoimentos”. Ora! A coisa já foi dita. Carece de acréscimo sobre si mesma e não nos seus lados.

E mais, perdoem-me, Senhores, acrescentam penduricalhos nos pensamentos sem a menor noção, a mais pequena noção sobre o próprio. Acham bonito. Apenas isso. Vão lá, à loja de pensamentos em “bottons”, compram um e prendem na lapela dos seus casacos e saem por aí, expondo, defendendo e “depoimentando” a coisa... lembram como assim faziam os petistas? Era tanta estrelinha vermelha... a grande massa, aquela de manobra, a manobrada pelo único pensante na estória; repetia, macaquinha, o discurso do pensamento do pensante. Hoje, o pensante e três ou quatro beneficiados se deram muito bem, obrigado (não sou eu agradecendo, certo? São os que se deram bem sobre milhões e milhões de macaquinhos que venderam estrelinhas, repetindo a mesma e única cançãozinha, no velho realejo) e, como a coisa anda meio parada, de vez em quando lançam um novo pensamento marketado para os mesmos macaquinhos... que estão mais velhinhos, ressalte-se, mas ainda com a mesma e portentosa incapacidade de ter pensamentos próprios.

Não se tome esse exemplo como caso à parte. Ele não é exemplo à parte. Ele faz parte de uma única e incompreensível capacidade do ser humano de imitar. Imita-se o comportamento político. Imita-se o comportamento social. Imita-se o comportamento cultural. Imita-se a moda. Imitam-se os cabelos. Imitam-se os carros. Imitam-se os filmes (que se imitam uns aos outros). O ser humano imita. E ponto final. A psicologia comportamental estava certa.

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