quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vamos sujar as ruas?

Há poucos dias, a minha neta de 10 anos repreendeu-me veementemente porque me viu jogar uma carteira de cigarros vazia na rua, enquanto eu dirigia.
- Vô, você não pode jogar coisas na rua! Você está sujando a cidade e a natureza...
É verdade. Eu sei disso. Mas como explicar a ela a transgressão necessária do status quo e do sistema de leis caduco e inoperante que temos?
Como explicar a ela a natureza da sujidade da natureza humana?
Como explicar a ela a pouca profundidade da "flâmula" - NÃO PODE SUJAR A CIDADE", enquanto o monóxido de carbono do mesmo carro que estávamos sujava de maneira irreversível a Natureza?
Como, se os pneus que sustentavam o nosso carro eram borracha extraída de maneira violenta da Natureza? Que o ruído que fazíamos com o carro contribuía para sujar a Natureza...
Não, não seria possível explicar a ela e, que pena, ela também tinha aprendido e apreendido uma flâmula!
De forma análoga, uma amiga minha fez cara de espanto quando eu atirei uma guimba de cigarro no passeio público.
Sim, eu jogo guimbas de cigarro na via pública. Não me preocupa nada o fato de ser censurado por pessoas que só me repreendem porque decoraram uma flâmula.
Ora, Senhores... de que adianta não jogar a guimba de um cigarro na via pública se, anteriormente, eu havia provocado fumaça tóxica com o mesmo cigarro?
Eu compro cigarros. Eu fumo cigarros!
Os cigarros são uma indústria poderosa que, na sua origem, sujam a natureza, plantando e colhendo tabaco em proporções astronômicas - com o devido comprometimento das terras onde são plantados e colhidos. Utilizam papel - também sobre o abate de milhares de árvores... introduzem inúmeras químicas que falseiam a gravidade do fumo... queimam milhares de seres humanos que se encantaram com os prazeres do fumo! E sujar o pulmão do ser humano não é sujar a Natureza?
Ora, convenhamos. A guimba é só o termo de todo um processo de violência contra a Natureza desde a sua origem.
É simplista e inverossímel discursar sobre a guimba jogada no passeio público ou em um cinzeiro. Onde irá esse lixo monumental recolhido nos cinzeiros? Para um planeta distante? Claro que não. Os "politicamente corretos" informam que vão para as usinas de tratamento de lixo.
Por que esses "corretos" não conseguem ver os milhares de lixões ao redor de todas as cidades? Será que haveria categorias de lixo? Castas de lixo? Lixos que vão para o tratamenteo e lixos que não?
Ou será que os "corretos" leram em alguma flâmula que TODOS os lixos vão para o tratamento e, como "bons corretos" acreditam nisso e saem pregando a mesma bíblia e vendendo a mesma flâmula?
Desculpem-me, mas não consigo atinar.
Eu fumo e jogo a guimba no chão da via pública.
É a minha maneira de ser coerente com a sujeira que o cigarro causa em toda NATUREZA. Como fumante, estou ciente de quando o cigarro chega às minhas mãos, ele já vem comprometido com todos os males anteriores que outros provocaram. Se é mal na origem, que o seja até o fim. Sou a parte final do cigarro.
E mais, com isto ainda pratico a minha desobediência civil!
Sujo as ruas para que o serviço de limpeza urbana limpe.
Esta mesma amiga que estranhou o fato de eu jogar guimba na rua argumentou - quando eu disse que jogava para o governo limpar - que nós sabemos que os governos não fazem isso e que cabe a cada cidadão fazer a sua parte.
Concordo com ela também, mas a minha parte, no sistema de leis do governo é pagar a Taxa de Limpeza Urbana. E o Governo deve fazer a parte dele.
Eu pago para que ele limpe. Como pode se limpar o que não está sujo?
Se eu não devo sujar, da mesma forma nao devo pagar!
É incoerente não sujar e pagar para ser limpo o que eu não sujei, não concordam?
Dêem-me mais argumentos. Preciso saber se estou lúcido ou se já passei da idade de o ser.
Beijos

3 comentários:

  1. Complicado se dar argumentos se concordo com o que você disse... apesar de conhecer várias pessoas que iriam ler, concordar e mesmo assim achar errado, perguntemos a elas então seus argumentos?

    Marcos

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  2. E por que diabos tem uma florzinha do lado do meu comentário? Hoje não quero florzinhas, quero me esconder no meu gueto imundo e ficar lá até cair a ficha...

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