segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Meu passado me condena.

Eu tenho uma amiga que fala que quem tem passado não pode ter orkut.
Eu tenho passado, tenho culpa no cartório e meu passado me condena. Mas, mesmo assim eu já tive Orkut, já tive Facebook. Não os tenho mais, não porque meu passado me impeça de tê-los. Por ironia, o futuro me impediu de continuar com eles.
Mas isso são outras bolas.
Na verdade, meu passado é que é o assunto e ele me condena, sim! Veja bem:
Eu já fui wiccano e daqueles cuja tradição wiccana não tinha a menor idéia do que é ou poderia ser a Wicca! Esse passado (coisa execrável é isso de não poder apagar o passado) me enche de vergonha... Quando eu me lembro fazendo caretas de bicho bravo, com desenhos feitos a callao na cara, 4ª posição en dedans de ballet com as pernas e dedos crispados arranhando o ar, com unhas pintadas de preto, túnica de cetim prata, com a parte de baixo cortada à guisa de centurião romano, cordão-de-são-francisco com nós (chamavam a isso de laços mágicos... Pensem!!!) e grunhindo.... Não!!!! Socorro! Alguém conhece aí uma borracha de apagar lembranças?
Sobre esse passado wiccano-de-mentirinha eu tenho anedotas tão envergonhantes que é melhor mesmo eu fingir que não estou em mim ou esse passado não me pertence.
Pense na pessoa, cara maquiada com callao, vestidinho prata (de cetim!!! só isso já diz tudo o que pode ser envergonháve!), em rituais (de quê mesmo, heim?) no Parque da Cidade “levantando as brumas” (?) do Círculo Mágico que foi traçado com o giro de um sacerdote (?) com uma faca apontando para o alto e para o nada!
E sabem como era “levantar as brumas” do círculo? Eu conto! A pessoa pára, abaixa o corpo e os braços, pega alguma coisa que não vê (diziam uns que viam mesmo, que era coisa palpável) e levanta essa coisa, tipo assim, uma cortina, segura em cima para que um outro ou uma outra “entrem”. Depois a pessoa abaixa essa cortina e tudo volta como era: a privacidade, a defesa e a impenetrabilidade do círculo!
Talvez por isso a wicca tenha se banalizado tanto e virado modinha de estação (claro, já ultrapassada e esquecida) dos adolescentes emo e rpgistas!
Já votei no Roriz. (pena que aqui não dá pra pôr o emoticon de face corada!)
Já votei e acreditei e gostei do Arruda. (Sim, pra que negar? Como se nega o passado?)
Já acreditei na Eurides Brito e já a admirei como se admira uma Margareth Thatcher.
Já fiz campanha para aquele, como é o mesmo o nome? Aquele que passa todo o tempo jogando para a platéia? Gente, como é? Ah, o Cristóvam Buarque! (arghhh)
Já acreditei no Budismo... bom, aqui merece um adendo. Acreditei nessa coisa que os lamas (que trocadilho interessante esse título faz com a coisa!) dizem ser o budismo e eu afirmo, garanto e dou todo um braço pra cortar, que isso não pode ser o que Buda disse. Isso é Lamaísmo: o culto ao lama (antes tivessem me pedido que cultuasse a lama, a coisa mesmo, água e terra).
Já fui para a Índia buscando uma “experiência espiritual” sem saber muito bem onde ficava a Índia; o que seria uma “experiência espiritual e muito menos onde eu poderia achar esta experiência. Andei por 9 cidades e fui acabar em um puram (onde encontrei um santo maravilhoso. Só me sorriu com o sorriso mais humano que uma criança possa ter, deu-me um mala de cardamomo que tirou do seu pescoço, fazendo-me sentar a seu lado, com uma intimidade e liberdade que os seus discípulos, ali, no momento não tinham direito)
No mesmo puram fui levado à presença de uma bichona, com pose, tipo, jeito, cara e aquilo... bom não posso falar o termo aqui ... de itamarateca que não chegou ao circuito Helena Rubinstein, e estava sendo “preparado” para substituir o santo, quando esse morresse. A bichona (tinha túnica amarrada à grega, verde, com debruns... uiii!) dourados e me olhou do alto da sua gordice, furibunda porque eu era o único ser que permanecia em pé, à frente dela enquanto todos os outros mortais se deitavam e colavam a testa no chão! Aí não! De bicha pra bicha, eu sei ser mais: toco piano, falo francês e já entrei nos Estados Unidos com uma yellow sheet – acima de qualquer duana! (foi quando, depois dessa bichice de ambas as partes é que desacreditei do hinduísmo também).
O meu passado é longo! Sobressaltaaaado!

Mas há coisas que meu passado não registra e me orgulham muito:
Nunca li um livro de autoajuda! Sou completamente ingênuo (no sentido primevo do termo) a esse respeito. Se necessitarem de um virgem autêntico nesse assunto, já estou eu de dedo erguido.
Nunca assisti a um programa do Gugu e muito menos do Ratinho. Isso eu não tenho no meu passado.
Nunca li um livro do Paulo Coelho. Sou um dos raros seres em toda a humanidade que pode ostentar esta isenção com orgulho. Nada contra Paulo Coelho. Tudo contra os autodesapropriados e afoitos que o lêem e o adotam como guru sempiterno
Eu nunca votei no Lula! O Filho do Brasil! Podem mostrar a língua, não me causa nenhuma espécie. Lula e Paulo Coelho estão ali, ó! Um e outro.
Eu nunca joguei RPG (por isso afirmo que a minha bruxaria seja mais autêntica!).
E uma coisa, a mais contundente, eu não tenho no meu passado: a sujeição!

11 comentários:

  1. Pelo que eu saiba você não toca piano... apenas inventa que toca, que nem eu e a guitarra!! Hahahaha...
    Eu nunca votei no Roriz, nunca li um livro do Paulo Coelho, mas li livros de auto-ajuda, joguei RPG e, apesar de não ter votado, acreditei no Arruda... o passado de qualquer ser humano o condena!!
    PS: por que tirastes o post de Jacqueline Lob?

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  2. Gê, e não é que você tá ficando são???
    Não digo normal, que isso é impossível - e indesejável! Digo são mesmo, daquela saúde que é feita de loucura também, mas a loucura corajosa, não a loucura medrosa. A loucura lúcida. Ou será a lucidez louca?
    Adorei!
    Beijo,
    Ana.

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  3. Eu tirei o texto porque ele ultrapassava a medida de deboche para ferir. E não tem por quê eu ferir mais as dores pessoais do menino.
    Tá vendo como já estou voltando atrás? Risos
    "Rependi", eu acho.
    Beijo

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  4. O seu comentário me fez lembrar a minha amiga - que deve estar por aí, bebendo, fumando e debochando muito com os deuses e anjos e demônios - Hilda Hilst.
    Todo mundo queria matá-la, em Campinas, por causa do deboche semanal dominical que ela fazia no Correio da Manhã. E em um determinado dia, uma senhora da cidade resolveu fazer uma campanha pra defendê-la dos ataques.
    A Hilda fez outra crônica, dizendo: Socorro! Prendam essa mulher. Ela é louca: está querendo me salvar!
    Kakakakaka

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  5. Não entendi bem: qual das loucas eu te lembrei?
    Beijo.
    PS: Não se salve, plis!

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  6. Sobre a Wicca, talvez banal não seja a Religião, mas a visão de alguns praticantes.

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  7. eu havia pensado na louca Hilda, mas o seu comentário me fez pensar na louca que queria salvar Hilda (dos ataques dos sadios) e agora eu penso no louco que somos!
    Não, por favor, não me salvo!

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  8. Thot,
    eu disse "a Wicca tenha se banalizado...". Eu não disse a Wicca É banal.
    Nada é banal, mano. Tudo é divino. A nossa mente é banalizante. Pena!

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  9. Eu queria dizer que no meu passado obscuro não tem Ratinho, Gugu, Silvio Santos e Paulo Coelho!!!!

    Mas tem! tem todos e muitos outros...

    Eu queria dizer que no meu passado não teve wicca fake...
    Não, eu posso dizer que no MEU passado não teve... mas não posso dizer que no passado de outros, dos quais eu participei foi assim...

    Eu queria dizer que nunca me enganei, que nunca me enganaram, que nunca enganei e que nunca me deixei enganar...

    Mas meu obscuro passado tem tanto brilho... tantos risos, tantas alegrias...dos meus próprios ridículos...
    Meu obscuro passado me trouxe às minhas iluminadas decepções...com lágrimas brilhantes estelares...
    Meu temeroso passado me trouxe tanta vertigem, gozo, êxtase e fé...

    E, foi meu obscuro, longínquo e forte passado, que me trouxe pessoas como você...

    Que como eu, não têm a vergonha mor no passado... a sujeição!!!

    Eu amo meu tenebroso passado, e com isso, amo o seu...

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  10. Nussa!! adorei seu comentário!
    Vou começar a pensar a amar o meu tb!
    E mais, amiga, nós podemos, então, ter o orgulho mor: a não sujeição.
    A gente morre, mas morre igual à baratinha da net!
    kakaka
    Beijo

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