quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Eu não lhe avisei

Eu tenho muitas coisas ainda a lhe dizer. Muitas. Coisas que você não vai ouvir. Não vai compreender e não vai aceitar.
Por isso mesmo eu não vou dizê-las.
Para que não se percam na rejeição que você fará a elas. Para que não se desperdicem palavras, sábias ou nem tanto.
Essas tantas palavras de experiência não serviriam agora, para nada mais do que receberem o epíteto humilhante de conselhos de velho. Conselhos.
Um mestre jamais dá conselho. O mestre viabiliza formas de oportunizar a experiência para que a experiência aconselhe ou ensine.
Essas palavras serviriam para, caso escutadas, evitar dispêndios, desperdícios, fracassos e, novamente, a desilusão.
Mas não vou dizê-las. Não vou exteriorizá-las por uma razão mais sábia e menos arrogante: eu não quero chegar em maio e lhe dizer – eu não lhe avisei?
Eu não quero avisar.
Em maio, eu pleno Saturno, com a impiedosa face que me será completa, olharei para você e apenas me admirarei de mim mesmo, porque pleno e desangustiado, saberei entender que a espada só se empunha se a causa for merecedora. Caso contrário, é dispêndio, desperdícios, fracassos e, novamente, a desilusão.
Saturno não desilude nunca porque jamais se ilude.

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