quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Uma silhueta no horizonte


Algumas nuvens me induzem a pensar que se afigura no horizonte um vulto.

As nuvens, no poente, me afirmam que eu devo olhar para o horizonte e esperar para divisar a silhueta negra que se avizinha.

Meu deboche me induz a rir e dar de ombros, mas meu coração, esquecido que estava destas coisas, se avoluma e se infla. Medo ainda. Reticente em acreditar. Temeroso.

E eu, entre o meu deboche e o meu coração digo vá lá! Acredite!

E eu mesmo acredito.

Será, deveras, uma silhueta que se avizinha pra me pertencer e me fazer pertencido?

O fosco que se fará brilhante? Radiância?

Meu deboche debocha largo e eu retraio e me contorço e me desfaço, novamente.

Decido não crer. Decido apartar-me. Decido que não.

Mas o não não desce pela minha garganta, se embrulha na minha língua e lá permance. Meu coração não o recebe.

Meu coração e eu pendemos olhosos para o horizonte. Fio rosado entre o céu e a noite. Está lá, à espera, a silhueta. Unicamente esperando um aceno.

Devo acenar e dar-me de novo por inteiro?

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