quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Anjos. Anjos do Win Wenders. Anjos da Ana. Anjos.



A Ana Rossi escreveu uma tocante e ao mesmo tempo enigmática experiência que ela teve com uma anja. Me deu vontade de escrever algo, também, sobre anjos.

Essas criaturas aladas, ou não. Celestiais, ou não. Verdadeiras ou folclóricas... essas coisas que as religiões judaicas insistem em afirmar que são seres imediatamente superiores aos humanos e imediatamente inferiores aos arcanjos.

Como eu não acredito em escalas evolutivas do espírito, decorre que não posso supor qualquer hierarquia a esse respeito. Logo, não acredito que os anjos sejam “melhores” ou “piores” do que qualquer coisa. Que sejam mais ou menos evoluídos.

Não cabe aqui expor a minha visão sobre a perfeição do espírito e de sua impossibilidade de evoluir, já que é perfeito em essência, mas não duvido, em nenhum momento, da existência desses seres e de sua infinita capacidade de interferir na vida humana, isto é, durante o estado corpóreo do espírito. Não acredito no estado eternamente incorporal desses seres. Tanto podem estar incorporados quanto não. E, da mesma, forma interferem na vida humana, como mensageiros.

Mas é preciso compreender o que é ser “mensageiro” do Divino. Mensageiro é aquele que traz ou leva mensagens. Mas de quem para quem ou de onde para onde? Mensagens do Divino Superior para o humano inferior e viceversa? Acredito que não. O Divino não é superior. O humano é tão somente um continente para o Divino porque o Divino desejou se permitir experiências de sensações e percepções. E o humano, como essa parte encasulada do divino não se diferencia em qualidade ou manifestação dele. Posso concluir, então, que não se justifica um mensageiro nesse vetor vertical.

Para mim, os anjos são, sim, mensageiros, mas na horizontalidade. Isto é de humano para humano. De Divino encasulado para Divino encasulado. Apenas uma espécie de “neurotransmissor” que realiza a sinapse necessária, dentro do grande cérebro uno que é a divindade. O humano – divino encasulado – somos neurônios desse cérebro universal.

Partindo desse pressuposto, não se pode admitir a idéia que os anjos sejam seres iluminados ou genericamente do bem ou do mal. São apenas neurotransmissores para uma sinapse. Sem permitir classificações ou julgamentos sobre essa sinapse ou praticando qualquer tipo de classificação ou julgamento sobre o que quer que seja.

Os anjos do Win Wenders são as criaturas mais belamente romantizadas que se tem notícia. São incorpóreos e portadores de uma “maldição” eterna. Duramente provados em sua atividade divina de proteger determinados humanos e conformados com a sua condição em uma espécie de revolta letárgica sob a hirsutez de um ser eternamente estático, embora comovido e piedoso da condição humana.

A anja da Ana é uma “cega de mentira” que, mesmo ultrajada na sua condição humana, mendiga, nas beiras das ruas e dos caixas eletrônicos, cumpriu a sua função neurotransmissora de forma correta e adequada. Trouxe de um não sei qual neurônio a mensagem de alegria pueril e descomprometida para o neurônio que é a Ana. Assim, o Divino, o grande cérebro se permitiu experimentar e experienciar uma nova percepção de si mesmo, por meio de todas as suas cada partes.

2 comentários:

  1. (assim, O Divino "a grande alma" se permitiu ter "cérebros"... mas entendi que Divino está citando)
    muito bom o neurotransmissor, super mercuriano, super angélico. E a gente topa com tantos por aí né?
    bj

    ResponderExcluir
  2. Caramba, Gê, esse negócio de anjo é mais complicado do que eu pensava... ;)
    Te amo muitão, meu anjo number one.
    Beijo.

    ResponderExcluir