quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ai, essa dor querendo voltar, essa amargura, esse medo do que vem. Não presumo, em mim, nada em que eu possa me segurar, Nada que eu tenha para olhar, para esperançar!
Esse medo de mim mesmo, esta parte amarga, mais forte que eu - Lillith que se apaixonou por mim e vinga a minha impotência, dando-me, aos goles, mais impotência.
Tenho de ti saudades e medos. Medo da tua independência de mim, da tua vida sem a minha e nenhuma diferença a fazer diferença.
Meus cuidados, meus carinhos, meus dedos... tudo desimportante pra ti agora, de agora em diante.
Estou sozinho guardando cuidados e dedos, ocupados apenas em cuidar das saudades que sinto por ti. Cuidando apenas da tua ausência... ausência alongada, gorda, redonda, invasiva.
Tanjo cordas na minha alma, essa que está cansada de ficar aqui, presa neste invólucro que derrete, dia após dia, sol após noite, encontrando apenas a noite vazia de ti.
Por que este rancor de mim, Lillith? Por que esta mágoa de mim, amiga negra?
Por que me ensinas a esvaziar de mim os amores? Os carinhos, os cuidados? Os laços de fita?
Então, Senhora, por que não me permites afastar-me daquele cujos dedos, tiraste-me os apreços? Por que fazes a ausência dele no incontido de mim cada vez mais presente, prenhe de ocupação mais aumentada? Corta de mim, então, a lembrança, Maldita Senhora!
Cega, da minha alma, os olhos. Fecha-me os ouvidos todos, os de fora e dentro, entope minhas narinas para que eu não possa mais sentir cheiros. Fecha-me o espírito.
Mantém-no vivo porque te delicias com o sangue vermelho caudaloso dele, se te apraz, mas não me deixes percebê-lo. Afasta-o de mim e leva-o para o teu festim, mas permite, pelo amor do teu rancor, não me deixes percebê-lo. Anestesia-me de mim mesmo para que eu não pereça na lembrança de quem tanto lembro.

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