terça-feira, 6 de outubro de 2009

As Farmácias e os Sex shops

Todo mundo sabe o que é um sex shop. Todos já foram a um algum dia, ou quiseram muito e não tiveram, ainda, a coragem necessária. É algo que, se não freqüenta, por enquanto, os horários comerciais da televisão, já se arrisca em outras mídias.
As mulheres são as maiores freqüentadoras; depois os gays e por fim, os “homens”. Os velhos rarissimamente vão. Média quase nula.

A média de idade das freqüentadoras é de 25 anos – e raramente freqüentam sozinhas. Vão decididamente em duplas. (Sempre me pergunto por que as mulheres andam em bando...)

O que é necessário frisar é que todos os freqüentadores vão ao sex shop buscando alguma coisa que complemente, ou capacite, ou melhore, ou resolva a sua atividade sexual. E vão com uma certa sensação de coisa que se deva esconder, coisa pouco publicável. Coisa transgressiva.
Lá dentro permitem que a fantasia role solta. Tudo é possível ser fantasiado desde que a expressão externa não denote nada além da “cara de paisagem”. Compra-se o que melhor se adequou à fantasia do momento, paga-se e vai-se embora com a mesma e altaneira cara dos católicos e neo católicos: isso não foi comigo!

Numa estrutura sociologicamente bem equilibrada, os velhos têm uma única e inequívoca função que é transmitir malícia aos mais jovens. Malícia no sentido de argúcia, sagacidade, sutileza e não de artimanha, ardil para subversão. É aquela capacidade de, utilizando todo o potencial revolucionário e transgressor do jovem, sintonizá-lo para a melhor consecução da ação pretendida por esse jovem.

Ora, sabemos que, hoje, as coisas não andam assim. Essa função perverteu-se em 3 funções básicas do velho na nossa sociedade: atrapalhar o fluxo nos corredores e nas escadas; enriquecer médicos e clínicas e oferecer conselhos ridículos aos netos. Nada imponente!

E parece que os velhos gostam muito disso, embora os transeuntes de corredores sempre se irritem, os médicos e as clínicas agradecem.

E onde fica o prazer sexual dos velhos que, mesmo mais rarefeito no se refere ao coito, são impedidos de expressá-lo ou vivenciá-lo até o último instante da vida? O prazer original de criar e manter – nesse caso, o prazer de ser útil na capacidade de transmitir argúcia aos mais novos, até o fim da jornada quando serão substituídos pelos jovens que se tornaram velhos, foi cruelmente decepado na sua manifestação.

Sabemos que uma energia específica debandará por outras vias caso a sua via natural de expressão esteja entupida.
O que aconteceu então com os velhos?
Eles vão para as farmácias e vibram como se estivessem em um sex shop!
Os velhos e velhas ficam horas nos balcões conversando com a atendente que, obviamente não está ouvindo nada, falando das suas doenças, da carestia dos remédios, das dosagens específicas que lhes cabe, da necessidade de não passar um só dia sem um comprimidinho desses, caros, abusivos, que provocam dor no estômago, dos impedimentos de comer gordura, açúcar, carboidratos... (essas coisas boas da vida!). E saem de uma farmácia e vão para os balcões de outras para comparar os preços abusivos dos remedinhos... ufa! Orgasmos múltiplos durante todo esse périplo.
E fazem isso com tanta naturalidade, tanta aprovação social. Nem precisam da amiga ou amigo irem juntos.

E sabem por quê? Simples.
Eles vão com receita médica. O médico/deus autorizou e indicou esse prazer. Ao contrário do sex shop.
Ora, tanta coisa torta nesse mundo!

3 comentários:

  1. Gostaria de parabenizar a equipe do blog pela matéria,porém, gostaria de frizar que o conceito de sex shop tem mudado com o decorrer dos anos e que a faixa etária dos que frequentam também tem variado muito.
    Uma coisa que tem ajudado bastante nesta questão é o fato de que os homens estão perdendo o medo dos sex shops, antes eles entendiam que se fossem até um sex shop com sua companheira estariam assinando o seu atestado de incompetencia, hoje já enchergam de forma diferente e admitem que jogos eróticos, fetiches, brincadeiras, etc servem para manter a chama da relação acesa e na manutenção dos relacionamentos. Ah, tem mais, quando estava lendo a matéria me veio uma coisa na cabeça, os idosos tem recorrido aos famosos remédios que abrem o apetite sexual e talvez o fato de terem vergonha de pedir diretamente os benditos Azulzinhos, ficam a enrolar no balcão para tomar coragem e pedir...Depois de aprender a comprar pela internet descobri que além da comodidade tem também a discrição que para os mais tímidos é fator negativo na hora de entrar em uma loja de produtos eróticos e por isso adotei o método de não só comprar mais também vender pela internet.
    http://www.ousadasexshop.com.br
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    Suellen Brand
    Diretora comercial

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  2. Se o mundo não fosse torto que graça teria?!

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  3. Será que se eu ganhar uma receitinha de pomada japonesa vou conseguir ir ao sex shop sozinha???

    rsrsrsrsrsrsrsrs

    bjs

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