terça-feira, 23 de março de 2010

A mão que abençoa...

É corrente entre os magistas, bruxos, esotéricos e toda sorte de esquisotéricos paralelos, a afirmação de que a mão que abençoa é a mesma que amaldiçoa.

Como sempre, martela-se na minha cabeça o mesmo bordão – borduna e chavão – de sempre.

Como será entendida e aplicada essa informação?

Será entendida como que a mão que abençoa é a MESMA que amaldiçoa ou se abstraem, por aí, e se aliviam crendo que essa mão é uma quando abençoa e outra quando amaldiçoa?

Será possível entender uma única mão como duas ao mesmo tempo?

Nesse caso, acredito que para essa compreensão tenha que se passar, necessariamente, pelo conceito de dualismo. Uma mão que faz parte e arte do “bem” e nisso é considerada abençoadora e, momentos depois, é praticante de uma arte do “mal”, portanto, amaldiçoadora. Fica implícita a dualidade bem versus mal.

Parece-me, quero crer no que é dito sempre, que os sistemas e credos pagãos – ou neo-pagãos, como preferirem, pregam a unicidade. O Divino único.

Como entender, então, uma divindade única com duas caras?

Não resta incoerente?

Quero tentar fazer-me compreender que isso não acontece desde que, sendo a divindade uma única coisa, indivisível e sem qualidades, o que ocorre, verdadeiramente é que a bênção e a maldição, da mesma forma, são uma e única coisa também. E não contrários perfeitos.

Pensando assim, a minha compreensão me leva a afirmar que há a mão – bênção e maldição - e não uma coisa agora e outra em outra hora, mas sim ambas as coisas, simultaneamente.

Concordo com a dificuldade filosófica dessa compreensão, mas como costumo afirmar, a filosofia é que dificulta qualquer entendimento.

O mundo egresso da filosofia greco-romana e controlado pelas religiões judaico-cristãs não presume pensar – e pensar aqui não significa raciocinar e sim idear – abstraindo da dicotomia bem e mal, luz e sombra.

Bastante ao contrário do que afirmam alguns “pensadores”, é premente que desaprendamos a pensar. Ao menos no que se refere às coisas do espírito.

Portanto, Senhores, quando estendo a minha mão, é minha mão que está sendo estendida. Tão somente isso. Quando a minha mão se retira, é apenas a minha mão que se retira. Se bênção ou maldição, vai da cara com que a encaram... portanto, Senhores, a cara que dão a ela é somente uma atribuição que dão a ela. Não me responsabilizem!

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