segunda-feira, 15 de março de 2010

A Mulher Louca. O Pleonasmo e a Carta

Eu tenho um irmão – mulherengo dos mais aguerridos – que me fala sempre:

“Nisso (a minha família me chama de Nisso), mulher não fica doida. Mulher piora!”

Com o tempo fui vendo que essa é uma afirmação corrente entre quase todos os homens e não só dele.

Sabe-se lá, se pela eterna incapacidade dos homens em compreender as mulheres ou se pela eterna incapacidade das mulheres de se fazerem compreendidas.

Para mim, pessoalmente, a coisa é muito simples: as mulheres apenas fazem uma pequena confusão entre os properispômenos bolso e bolsa. Homem é bolso, apenas o masculino da mais profunda paixão delas, depois dos sapatos – a bolsa!

Mas está vagando por aí, pelas brasílias e seus bairros uma mulher que, se não ficou doida de vez, piorou até o ponto máximo.

Sim, já lhes digo tudo:

A mulher ainda continua afirmando que eu “escrevi carta”. Isso, assim, mesmo, “o Gê escreveu carta!” Ora, para uma compreensão básica, mínima, comum é necessário antepor um artigo feminino, definido ou indefinido ao substantivo. “... escreveu uma carta”, ou “... escreveu a carta!”. Mas não, Senhores... ela baba pelas ruas, botecos, pela cozinha malcheirosa da casa dela e em bares onde pessoas possam pagar o álcool que ela necessita diário – “... o Gê escreveu carta!”.

É preciso lembrar que a moça teve formação educacional bem rala e tem falhas tristes, digamos assim, na elaboração de frases e períodos. Concordância nominal é brutalmente ferida por ela. Mas sejamos indulgentes, a moça tem alguns encantos na fala sedutora e toda gente trata de fechar os ouvidos preparados, diante dessas escorregadelas.

Sim, a moça é bonita também, é fato. Isso ajuda. E para um sexo rápido, que necessidade faz a concordância nominal ou a verbal, não?

Mas e a carta? (viram como é necessário um artigo para definir mesmo as coisas ainda indefinidas?)

Será que a insanidade dela passa por umas necessidades de que ela mesma, a moça que não conjuga corretamente os verbos e faz dispensa dos artigos, publique ao mundo - ou a uma determinada pessoa (realmente, o artigo, essa coisinha miúda e quase imperceptível, é tão importante!) os dela segredos de alcova?

Será que a moça louca (pleonasmo?!) imagina que eu vá publicar os dela segredos de alcova? Ora, pois! Graças eternas à Deusa dos Lençóis sujos, eu só estive, por pequeno espaço de tempo, presente em uma das suas façanhas sexuais... Não! Não! Claro que não participei. Eu apenas entrei numa cozinha dos meus anfitriões e, de repente, vejo, sobre a bancada do fogão, uma mulher e um homem fazendo sexo. Ele estava em pé, atrás dela. Não arriscaria dizer que estava penetrando o ânus ou a vulva dela... e a moça falava aquelas coisas corriqueiras que se falam durante o sexo... mas tão normal isso, não?

Dei o recado que tinha que dar a ela e saí. (se cabe a informação, os dois moços não pararam de fazer o que tinham começado.)

No mais, eu apenas soube, por boca dela (hmmm, gostei desse cacófato aqui!) que houve incursões por suítes de hotéis; kitinetes de moços solteiros enquanto ainda era casada com o pai do filho dela; sexo oral movido pela possibilidade de ganhar um aparelho celular; sexo forçado com um gay em residência alheia – sem autorização do dono da casa e na ausência momentânea dele; tentativa de sexo com um aluno casado – cujo casamento com outra mulher, fora oficiado por ela... essas coisas. Mas frise-se bem: ela me contou essas coisas. Não vi. Não estive presente e não posso confirmar nada. Aliás, como me disse a holandesinha, essa moça viaja muito e mente mais ainda. Não sei. (embora, com o passar dos dias, eu venha comprovando que a menina das longas tranças douradas tinha, mesmo, razão!)

Sim, eu soube disso tudo, mas daí a pensar que eu faria ou teria algum julgamento moral sobre isso é investida pessoal dela. E lamento, Senhores, essas coisinhas do prazer escondido não me calam mais nada no espírito.

De que forma, com que conteúdo e com qual substância eu escreveria “carta”? Carta com essas coisinhas miúdas do dia-a-dia de todo mundo? Ora, façam-me o favor! Gosto de escrever, até cartas, afirmo. Mas com assuntos que possam mover o mundo do seu marasmo moral e da mesmice medíocre. Não dispenso tempo com cartas que relatariam sexos e pornografias que, no meu entender, não passam de “exercícios de lubricidade” (não é mesmo, Hilda?).

Falem-me da castidade punida de Santa Teresa D’Ávila! Falem-me dos arroubos de dúvida na fé de Madre Tereza de Calcutá; nas tentações de Santo Antão; no desesperado suicídio de Dalida e eu farei cartas! E fá-las-ei mesmo ainda que a mesóclise me cause ânsias de vômito (hehehe, Hilda, adoro você por todo e para todo o sempre!)

Mas me preocupar com uma mocinha louca (perdoe-me, Paulinha, mas não posso ficar repetindo isso de que mulher piora...) que se tortura de maneira cristã porque eu não escrevo “carta” para ela e o dela marido? Sai, freirinha, porque o meu corpo só a mim pertence!

Voltando lá em cima, onde falo do properispômeno: o meu bolso se fechou e nunca mais liberarei os meus cartões de crédito para ela ou para os seus companheiros de bar, surdina e as dela calcinhas-fio-dental esgarçadas de tanto uso, aparecendo, vulgarmente, acima do cós das saias curtas.

Lamento. Mas sou de outra terra, estrangeiro nessas paragens. Fui turista durante algum tempo. Usufruí o que a moça podia ter me dado. Mas agora a moça já não é mais útil. E o que se faz com as coisas inúteis? Descartam-se.

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