segunda-feira, 22 de março de 2010

Sexo verbal


Há algumas pessoas comentando nas surdinas, aos pés de ouvidos e atrás de portas fechadas que eu estou indo longe demais com os meus comentários corrosivos sobre as pessoas, no meu outro blog.

(Na verdade, eu nem sei de que pessoas essas pessoas estão falando quando, no meu roteiro de cinema, as personagens são fictícias e não têm nenhuma relação com pessoas ou fatos reais!)

Em meu favor e em favor delas também – porque pode parecer que essas pessoas estão vendo gentes onde só há literatura – dizem que a arte imita a vida e a vida imita a arte.

Deve ser fato possível essa confusão entre personagens e pessoas.

Voltemos a essas pessoas que estão tecendo esses comentários a meu respeito. Pois bem, algumas delas são consideradas reconhecidamente discretas e muito confiáveis. Não emitem comentários e preferem o recato.

Uma coisa fica martelando a minha cabeça e esses martelos me fazem sempre cair em perguntas que eu nunca encontro resposta cabível.

É confiável uma pessoa que faz comentários a meu respeito sem comentá-los diretamente comigo?

Ser discreto é ter opinião e não comentá-la? É não ter opinião e deixar que o mundo corra aonde a vida leve? Ser confiável é ter uma opinião e não passá-la adiante de seus próprios raciocínios? Ou é ter opinião e passá-la adiante somente a poucos eleitos – mesmo que nunca àquele que é o alvo do comentário?

No meu tempo de rapaz solteiro, lá em Barbacena, confiável era a pessoa em que se podia confiar. E poder confiar é saber por onde passam a honestidade, a clareza e a capacidade de ser dito o que tem que ser dito, doa a quem doer.

Como dizia o Mestre Carlos Imperial, “sem liberdade para espinafrar, nenhum elogio é válido!”

Se eu não posso dizer a alguém o que eu penso de “ruim” a respeito dela, essa mesma pessoa poderá confiar no “elogio” que faço dela ou a ela?

Na minha cabeça martelada, não! Mas são tantas as marteladas que eu já fico pensando que as coisas podem não ser bem assim...

Pois bem, para isso, criei um blog onde as pessoas podem fazer quaisquer comentários a respeito de qualquer coisa, inclusive de mim e, ainda assim, essas pessoas confiáveis preferem chamar o fulaninho, achegar-se ao ouvido dele e sussurrar coisas, olhando para todos os lados para certificar-se que ninguém estará ouvindo ou vendo... será um fetiche? Deusa minha das opiniões... Mais um fetiche! A vida sexual agradece penhoradamente.

Já imagino pessoas vestidas em espartilhos e, por cima deles, beibidóis brancos, com rendinhas nas mangas e aplicações de tecido vermelho em forma de moranguinhos, cabelos enrolados em bobs, cobertos com um grande lenço, ajoelhadas na cama, uma diante da outra, cada qual com seu telefone, olhares por cima dos óculos, numa atividade sexual violenta! Línguas em atividade lúbrica, úmidas (mesmo que lúbrico seja sinônimo de úmido, ta?)... nossa! uma gozada monumental!

Outra martelada na minha cabeça: por que será que quando cito, no meu roteiro, as personagens/pessoas que são desafetas dessas pessoas, elas sentem um enorme sabor e se distraem num aberto sorriso de gozo e quando as personagens são caras as esses seres, eles fecham o senho, traçam um friso na testa, cerram os lábios, põem os bobs na cabeça, vestem os beibidóis e tudo aquilo que os Senhores já sabem e vão para as suas camas praticar o seu sexo logorréico?

No meu tempo de rapaz casado, lá em Barbacena, a gente fazia sexo oral. Agora, parece, inventaram o sexo verbal!

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