segunda-feira, 15 de março de 2010

O Divino e a Crueldade


Na minha compreensão do Divino e suas manifestações – uma compreensão absolutamente pessoal – a Divindade “encarna” e vive como seres na Terra (e quiçá em outras paragens) com o objetivo simples de se darem experiências sensoriais e mormente as de prazer. O conceito de mahalila dos hindus corrobora, de alguma forma, o meu modo de pensar.

Resumidamente, a Divindade se dá um corpo físico, com “aberturas” (os órgãos dos sentidos) que facilitam a percepção do fora e do dentro e essa experiência permite, a essa divindade corporificada, identificar-se e reconhecer-se no outro – mesma divindade em outra corporificarão – e mais ainda a si mesma, como Divindade. O budismo deu-me, também, grandes subsídios para essa conclusão.

Para uma maior compreensão do que venho dizendo e, se os meus leitores se interessarem, tudo isso queda mais bem explicado no meu livro “A Vida é foda. Então, foda-se! – Lilith e o prazer da transgressão. Encontrável nas boas livrarias

Então, voltando ao que quero falar, ontem, uma dessas “em-carne-ações” da Divindade me procurou para comentar sobre o parágrafo com que eu termino o texto A Mulher louca. O pleonasmo e a Carta.

Esse ser que me procurou é, seguramente, uma das mais puras e cristalinas manifestações do Divino na Terra. É um ser de completude tão provecta que não se encaixa em qualquer descrição do que seja uma vida na Terra porque, como os deuses hindus, tem apenas dezesseis anos para sempre.

É paradoxal entender isso, eu sei. Mas é honra verdadeiramente subida poder privar da convivência com ele. Não é à toa que o chamo, respeitosamente, de Muni.

É honra na medida em que se pode confirmar a Divindade nele e, posto isto, declarar o Namastê! em mim, em vocês e em todos os seres.

Ele apareceu, sensibilizado, com a crueldade com que afirmei que eu teria me utilizado da moça (a do texto) e me descartado dela quando se tornou desnecessária.

No momento, respeitando a sensibilidade dele, houve melhor que eu não falasse muito mais do que falei... e agora estou aqui para uma resposta a todos nós, a Divindade:

Sim, Muni, fui cruel. Mas eu lhe pergunto, você conhece alguma divindade que também não o seja? Se eu estiver acertado nas minhas convicções, Eu/Divindade não devo sê-lo também, na medida em que essa crueldade se faça necessária?

Não estou, aqui, esperando uma concordância sua. Estou apenas re-afirmando a minha crueldade e mais, dignificando-a!

Estou aqui para uma ratificação da minha atitude e, ao mesmo tempo, oferecer-lhe uma nova pista para que, munido (que insight magistral – munir!) de suas próprias experiências divinas-na-terra, possa concordar ou discordar de mim-divino-na-terra. Vou parecer frio. Não me comove.

O cerne da sua questão me pareceu ser o uso frio de alguém ou algo enquanto útil e, depois disso, o descarte.

Para que possamos evitar que nos descartem – pois que também somos usados e descartados muitas vezes – não caberia a nós encontrar a nossa capacidade se sermos eternamente úteis?

Namastê!

7 comentários:

  1. Assim, o útil parece ser a busca de todos os caminhos e Caminhos. Deve ter algo nisso. Tem quem seja útil até quando calado e aí vemos existir miríades de formas de nos fazermos úteis. Um ponto a meditar: toda a degradação dos sistemas e seus operantes e das ciências e dos saberes pode ser a inutilidade batendo à porta...

    Permaneçamos munidos desses 16 anos, então. Vejo agora que essa pode ser uma chave. A idade equilibrada apoiada entre o sonho feérico da infância, que tentamos manter, e o despertar da curiosidade carnal pura. Alegoria para o Divino na carne/Dentro e fora. Não alegoria simples já que se faz sensível!

    Muito, muito grato por esse momento.
    Namastê

    ResponderExcluir
  2. Por que será que eu fico boiando quando voces dois começam a conversar???


    Acho que tenho mais que dezesseis, deve ser isso...


    bju

    ResponderExcluir
  3. kakakakak... é melhor boiar do que afundar!
    amo vc! vc é linda!

    ResponderExcluir
  4. Pois é, querido! É tudo, às vezes, tão nítido, né?
    Grato, muito grato eu também por essas possibilidades que você me favorece!

    Namastê!

    ResponderExcluir
  5. Olha a outra ali em cima dando a modesta... não chegou nem aos 12... rs

    ResponderExcluir
  6. a gente está falando do sexo dos anjos, que não têm sexo, mas têm bundinha... o que dá no mesmo!
    Quando você completar 16 anos, a gente explica isto tudo, direitinho, para você. Está bem? Tenha calma!

    ResponderExcluir
  7. Fabiane, não se sinta só: também boiei. Flutuei! Ou será que afundei? Dios!

    ResponderExcluir